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Em busca do mundão


Publicado pela Nova Escola On line janeiro 2005

(Tatiana Achcar)
Não é nada agradável dar de cara com muros altos e a segurança reforçada, quando se entra no complexo Tatuapé da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem), em São Paulo. É daquelas experiências que, de uma forma ou de outra, mexem com o nosso ponto de vista sobre a vida. Ao cruzar os portões, na chamada zona de alerta, que parece separar dois mundos, é inevitável a lembrança da violência e do contexto social que leva centenas de jovens para aquele lugar. Ali mesmo, enquanto a funcionária lê as regras e faz a revista, surge o boato (que ficou por isso mesmo) de uma rebelião programada para aquela tarde do dia 17 de dezembro de 2004. O que seria um completo desalinho com a data, que era de festa.
Uma festa de formatura, dos alunos da 8ª série do Ensino Fundamental e da 3ª série do Ensino Médio da Escola Estadual Rosmay Kara José, instituição que atende somente aos internos. A cerimônia faz esquecer rapidinho a tal zona de alerta. Essa conquista mostra que trata-se de um só mundo quando as realidades de dentro e de fora se ligam pela via da educação.
Histórias
No longo trajeto entre a portaria e o pátio, feito de carro em estrada de terra cercada por árvores, a tensão vai caindo e termina com o clima alegre e amigável dos meninos vestindo beca, circulando sorridentes e conversando com professores e colegas. Convivendo alguns instantes com essas pessoas, é possível conhecer histórias de relações calcadas no respeito e no carinho entre alunos e professores. Algumas delas você conhece a seguir.
A perspectiva da arte
\"Professor, desenha aí na lousa um ‘oitão’ (o revólver calibre 38)\", grita um aluno durante a aula de Artes do professor Sérgio de Abreu. Como resposta, ele desenha maçãs criando a forma do número oito. \"Ô professor, tá tirando?\", indaga o aluno. \"Não, estou aqui para ensinar\", explica Sérgio, fazendo da provocação uma aula sobre perspectiva, luz e sombra.
Contrapontos como esse são constantes nas aulas de Sérgio, que começou a lecionar na Febem no ano passado. \"Qualquer idéia que eles me dão, devolvo em motivo para aula. Se vem uma afronta, eu quebro, mostrando outras possibilidades. A idéia de que o crime é o único caminho vai desabando\", explica.
Para lidar com o imprevisível, Sérgio sabe que não basta preparar a aula. É preciso estudar, manter-se atualizado, cuidar para não incorporar as gírias deles e não demostrar fraqueza, mas sem ser duro. \"Meu preparo emocional vem de um curso de educação em valores humanos, que me dá respaldo para mudar a mim mesmo e trabalhar o indivíduo. Estando bem, a gente faz coisas boas\", conta.
Por mais conflitante que possa parecer, a privação da liberdade dos internos faz com que eles dediquem mais tempo aos estudos. Com isso, aumenta a exigência e a atenção que esperam dos professores. \"Eles querem explorar todo o potencial nas aulas; então eu preciso me reciclar sempre e levar coisas novas para a sala\", acrescenta Sérgio.
Normas de segurança impõem limites, como a proibição do uso de tesoura, estilete, apontador de lápis e tinta à base de solvente. Dificuldades que são superadas com adaptações e criatividade. \"Mais importante é o desafio de pegar uma pessoa considerada marginal pela sociedade e plantar nela uma semente, mostrar que a vida não é só o mundo do crime e que ele pode, se quiser, livrar-se dos lixos e adquirir coisas legais\" conta o professor Sérgio.
Vitória pelo caminho do bem
Além de se formar no Ensino Médio, o aluno Alessandro Faiz Said Majjar, de 18 anos, tinha um nobre e suado motivo para comemorar: foi aprovado no vestibular de Pedagogia. Muito emocionado e assediado por colegas e professores, Said, como é chamado, deu seu recado: \"Na vida nós temos dois caminhos, o bom e o ruim. Quem opta pelo ruim, vai sofrer lá na frente. O bom é demorado, mas quando você conquista, é muito gostoso, é uma sensação inexplicável. A escola é o melhor lugar para a pessoa se conscientizar do que é bom para ela. Ajuda muito a escolher o caminho, mas ainda assim depende da pessoa.
Leia a íntegra em:

http://novaescola.abril.com.br/noticias/jan_05_07/index.htm

Nova Escola On line

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