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A Lei de Conversão e os novos escritores


Artigo de Neiva Pavesi na Agência Carta Maior 18/01/2005

A boa notícia para o mundo do livro no Brasil é a aprovação da Lei de Conversão, que isenta o setor editorial do PIS e do Cofins. Várias ações serão desenvolvidas em 2005, quando o Brasil participará de eventos internacionais e desenvolverá eventos nacionais para reverter a falta de leitura no país. Como leitora e voluntária da leitura, fico na expectativa. Como escritora, aguardo os concursos literários que virão como assegurou o presidente da Câmara Brasileira do Livro, em dezembro de 2004. Plagiando Cecília Meireles, não sei se rio ou choro. A minha alma leitora regozija-se com a Lei. A minha alma escritora pergunta-se: sobrará algum farelinho desse bolo para os escritores desconhecidos? Tal pergunta é pertinente, haja vista a exclusão que sofremos no ano 2000, quando uma livraria fez um projeto, simples e viável, que abriria portas para os artistas da cidade. Era o Espaço LiterArtes, que ganhou repercussão na mídia mas foi um sucesso abortado prematuramente: durou dois eventos. No rastro da decepção, uma pergunta: e se os inscritos no Projeto fossem famosos?
Tudo leva a crer que a notícia seja uma boa nova para os engajados na política do QI (quem indica) e seus afilhados. Os escritores brasileiros fora do circuito das grandes editoras e livrarias continuarão onde estão, embora sejam criativos, produtivos e capazes de injetar novas opções num círculo tão fechado que aposta sempre no curtíssimo prazo, no lucro imediato, negando-lhes oportunidade antes mesmo de conhecer suas obras. A mídia, por sua vez, apostando em nomes cristalizados, dificulta a venda de tiragens alternativas. A má vontade e a falta de ousadia fazem o mercado patinhar num círculo vicioso capaz de comprometer sua confortável situação atual.
A premissa é a de que, com livros mais baratos, leremos mais e novos leitores surgirão. Ótimo! Barateando os custos, o mercado editorial lançará mais títulos. Investirá em desconhecidos autores estrangeiros ou apostará em autores nacionais desconhecidos? Se o preconceito e o mercantilismo prevalecerem, será uma lástima. No século da inclusão, escritores amargam dificuldades de publicação, distribuição e divulgação. Perversamente, a globalização literária exclui o talento e a criatividade de muitos, o que é, no mínimo, um retrocesso democrático.
Na verdade, haverá muito barulho por quase nada. Pode ser que os leitores beneficiem-se. Quanto aos escritores periféricos, continuarão no eterno dilema: não vendem livros porque não são divulgados; não são divulgados porque não vendem livros. É tudo muito complicado e injusto. Os famosos envelhecem e, depois deles, só restará a literatura de escritores mortos, o que poderá agradar o setor já que, com o tempo, suas obras passam ao domínio público.
Bem por isso, crianças e jovens ficam encantados ao conhecerem pessoalmente escritores vivos que vão às escolas para um trabalho de base, de cidadania, incentivando-os a ler porque têm consciência de que o futuro do país está em perigo. Seu objetivo é que jovens e adultos saibam ler, saibam ouvir, saibam falar, saibam enxergar e discernir. Eles são o trigo que, por ironia do destino, alimenta futuros consumidores do mercado editorial. Ainda que considerados joio pelo setor.
Neiva Pavesi é escritora.

http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=visualiza_arte&id=2834

Agência Carta Maior

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