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A casa ecologicamente correta


Publicado pelo site NoMínimo 16/01/2005

(Timóteo Lopes)
Por realizar sonhos de casa própria erguendo paredes de borracha, o gaúcho Leandro Agostinho Kroth está se tornando uma celebridade entre ambientalistas do mundo inteiro. O engenheiro civil de 43 anos desenvolve um inusitado projeto habitacional na pequena Santa Cruz do Sul, cidade de quase 100 mil habitantes a 150 quilômetros de Porto Alegre, e é o primeiro brasileiro a receber o Prêmio Mundial Energia Global Para a Sustentabilidade, uma espécie de Oscar dos ecologistas.

Na cerimônia que será realizada em abril próximo em Nagoya, no Japão, Kroth receberá um troféu, 10 mil euros e o reconhecimento de que entre os 972 trabalhos inscritos, o seu projeto é o que melhor alia meio ambiente e preocupação social. “É como marcar o gol da vitória numa final de Copa do Mundo”, comemora. “Nunca me imaginei um engenheiro de tabelas, limitado à frieza de números e cálculos.”

Por isso, ele há oito anos começou a pôr em prática uma antiga e estranha idéia de triturar pneus velhos e, misturando-os com areia, cimento e água, conseguiu uma maneira simples, rápida e barata de construir habitações populares. “Fiz tudo com um olho na questão econômica e outro, na ambiental”, justifica. “Não dá mais para assistirmos passivamente seres humanos vivendo em condições sub-humanas e, tampouco, cruzar os braços para a impiedosa destruição da natureza.”

A rotina do João-de-Barro, um pássaro que constrói seu ninho com argila, fibras e pequenos galhos foi o que inspirou o projeto das moradias do engenheiro Kroth. “Não me conformo de ver montanhas de pneus se deteriorando e servindo apenas para criadouro de mosquitos da dengue”, diz ele. “Achava que a construção civil poderia reaproveitá-los.”

Ainda estudante passou a fazer experiências que – entre idas e voltas, acertos e erros – iriam culminar nas 210 casas que se mostram imponentes na periferia de Santa Cruz do Sul. Chamadas de “Bom Plac”, por causa das iniciais do material utilizado (borracha, madeira, plástico e cimento), cada uma delas tem 60 metros quadrados, com três dormitórios, sala, cozinha, banheiro e área de serviço. “São simples e rápidas”, garante.

Sem ter onde cair morta

O processo de construção das casas de borracha – como são popularmente chamadas – inicia quando 12 presidiários do sistema de regime semi-aberto da penitenciária da cidade trituram pneus numa moenda, de onde eles saem adequadamente granulados para ser misturados à argamassa de cimento, areia e água. A mistura é posta em fôrmas com óleo queimado que se transformam mais tarde em placas de três centímetros de espessura.

Depois de dois dias de repouso as paredes podem ir para o canteiro de obras e, conforme o mutirão organizado pelos moradores, em dez dias estão de pé. O interior de cada imóvel é revestido de plástico, enquanto o telhado e os pilares são reforçados por madeira de eucalipto. “Estamos encontrando um destino para os pneus que poluem e levariam séculos para se decompor”, explica Kroth. “Por outro lado, estamos gastando o mínimo para garantir o máximo de habitações a famílias pobres.”

Há dois meses morando com os cinco filhos em sua casa de borracha, a doméstica Marilene Alves, de 45 anos, parece ter aberto as portas do paraíso. Até há pouco, ela e seus meninos dividiam um casebre de chão batido, sem as mínimas condições de salubridade. Ainda está fazendo as alterações e benfeitorias que julga necessárias, mas mostra sala e quartos com o orgulho de quem realizou o maior de todos os seus sonhos.

“Hoje, eu tenho a minha casa”, sublinha. Mas, para que isso seja uma verdade sem meia-volta, Marilene começa a pagar dentro de 16 meses uma prestação que mal passa dos 50 reais, pois, de acordo com lei municipal, os gastos com moradia não podem comprometer mais de vinte por cento dos seus ganhos. Tem de 60 a 72 meses para ficar sem dívidas. “Não tenho do que reclamar”, exulta. “Para quem não tinha nem onde cair morta, isto aqui está bom demais.”
Leia a íntegra em:

http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=54&textCode=15151&date=currentDate&contentType=html

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