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Estante clandestina


Publicado pela revista Carta Capital 24/01/2005

(Ana Paula Sousa)
Ninguém sabe como eles se chamam e nem de onde vêm. Mas suas publicações já estão se tornando conhecidas nos corredores das universidades e no setor editorial brasileiros. Eles se auto-intitulam sabotadores. E sua editora é o site Sabotagem. No slogan, disparam sua filosofia: Conhecimento não se Compra. Se Toma.

A subversão dos direitos autorais e a criação de um sistema alternativo de difusão de livros, um dos temas-chave do Fórum Social Mundial (que acontece de 26 a 31 de janeiro em Porto Alegre), tem nos integrantes do Sabotagem seus representantes mais radicais. O site oferece, para download gratuito, cerca de 200 títulos.

De ilegalidade, eles podem ser acusados. De mau gosto, não. Nessa biblioteca clandestina há de Foucault, Dostoievski e Kafka a títulos recentes de José Saramago, Gabriel García Márquez e até Chico Buarque, passando ainda por poesias e textos políticos.

Eles também já fizeram suas incursões pelo mundo real, com a impressão de dez livros, todos com capas novas e um editorial do grupo. A tiragem mínima, de cerca de 200 exemplares, tem um sentido mais simbólico – para não dizer provocador – do que prático, já que a distribuição é para lá de amadora. Os livros impressos saem pelo preço de custo, de R$ 6 a R$ 10.

Ocultos sob endereços de e-mail, os integrantes do site orgulham-se de dizer que, em geral, se recusam a dar entrevistas. “Para a revista em que trabalhas, abrimos uma exceção”, asseguram. Mas não sem ditar as regras. Num primeiro momento, parece que laçá-los é missão para hacker.

Apenas cinco dias após o envio do primeiro e-mail CartaCapital obteve retorno do grupo. Na ligação, feita de um orelhão de Porto Alegre, sugeriram que a entrevista fosse feita via Messenger, um sistema de conversação on-line. O argumento de que tal método seria confuso não convenceu Julia, a garota do outro lado da linha. “É bem melhor por Messenger. Assim tu vais poder sentir melhor o coletivo. É importante falar com vários membros e, como fica cada um num lugar do País, esse é o único jeito.”

Imposição aceita, no dia e hora marcados pipocaram na tela do computador os apelidos Poe, Giulietta, Gorilla, Baudelaire e Monet. Para se ter uma idéia de quem são esses jovens, um breve perfil de dois deles: Poe tem 24 anos, é professor de Geografia do Ensino Médio e mora em São Paulo; Giulietta, tem 21, mora no interior do Rio Grande do Sul e concluirá o curso de Direito no meio do ano.

A explicação para os codinomes tem um pé no intelecto e outro na prática. “A identidade oculta é a nossa principal estratégia e a possibilidade de agir sem ser visto sob o véu de uma identidade coletiva”, explica Poe. Graças a essas identidades “voláteis”, também escapam de umas e outras.

Em meados de 2004, quando digitalizaram Stupid White Men, de Michael Moore, entraram na mira da Câmara Brasileira do Livro (CBL), a pedido da W11, editora de Moore no Brasil. Mas não receberam a notificação que detonaria um possível processo judicial porque, simplesmente, ninguém os encontrou.

Wagner Carelli, diretor da W11, não pode nem ouvir falar neles. “Eles são ladrões e covardes, uns filhinhos de papai que não têm mais nada para fazer”, ataca. “Ficam aí bancando o Robin Hood, mas o que eles querem mesmo é a pequena publicidade.” Carelli pondera que essa pirataria não atinge o seu negócio, já que ninguém deixa de comprar um livro por causa do site. “Mas eu pago imposto, não vivo de trambiques e, moralmente, não posso aceitar que essa gente fique roubando livros!”

Os sabotadores, obviamente, não se acham criminosos. O site, garantem eles, está ancorado numa ideologia. Durante a entrevista, fazem referências a autores como Hayke Bey, Baudrillard, Chomsky e Luther Blissett e a grupos com iniciativas semelhantes às suas, como o coletivo italiano Wu Ming e o movimento Squatt da Europa.
Leia a íntegra em:

http://cartacapital.terra.com.br/site/exibe_materia.php?id_materia=1913

Carta Capital

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