Barulho demais faz mal à saúde |
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Publicado pela Nova Escola On-line jan/fev 2005 |
Barulho ensurdecedor não é só um jeito exagerado de falar. Com o passar do tempo, uma pessoa exposta diariamente a sons muito altos pode ter a audição comprometida. Máquinas, veículos e aglomerações tornam a poluição sonora cada dia mais intensa. E no ambiente escolar a situação não é das melhores. Se você acha o barulho da sala de aula natural, é bom ficar alerta. A gritaria da turma, somada aos ruídos que vêm da rua, prejudica o bem-estar de todos e deve ser evitada.
Sons e vibrações que ultrapassam os níveis previstos pelas normas legais e que podem causar problemas auditivos irreversíveis ou perturbar as pessoas é o que se chama de poluição sonora. Apesar das leis e das políticas públicas para controlar o problema e dos alertas feitos por especialistas, a poluição sonora ainda não sensibiliza tanto como a do ar ou a da água.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o limite suportável para o ouvido humano é 65 decibéis. Acima disso, o organismo começa a sofrer. Para salas de aula, a Associação Brasileira de Normas Técnicas estipula que o limite tolerado é de 40 a 50 decibéis. Esse índice, aprovado por resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), tem força de lei.
Muitas classes, no entanto, atingem os 75 decibéis, principalmente as que têm mais de 25 estudantes. O som do pátio na hora do recreio pode chegar a 70 decibéis, causando diversos males ao organismo (veja quadro abaixo).
Ruído alto libera adrenalina
“Orelha não tem pálpebra”, brinca o engenheiro ambiental Eduardo Murgel, especialista em acústica, de São Paulo. “Enquanto outros órgãos do sentido descansam durante o sono, os ouvidos se mantêm em estado de alerta”, explica. A audição funciona como um alarme, e isso tem explicação antropológica: quando o homem vivia em cavernas, ficava atento para ouvir quando um animal se aproximava. Ao perceber o perigo, seu cérebro produzia quantidade extra de adrenalina, deixando o corpo preparado para o combate ou para a fuga.
O barulho sempre foi associado a circunstâncias que causam temor. Hoje o homem não precisa mais se defender de predadores, mas seu sistema de defesa continua o mesmo: sempre que ouve um ruído alto, o nível de adrenalina aumenta, fazendo subir a pressão arterial e gerando estresse instantâneo.
Barulho causa doenças
A longo prazo, o ruído excessivo pode causar gastrite, insônia, aumento do nível de colesterol, distúrbios psíquicos e perda da audição. Provoca ainda irritabilidade, ansiedade, excitação, desconforto, medo e tensão.
Na sala de aula, o professor faz tamanho esforço para ser ouvido que acaba gritando sem perceber. Com isso, fica vulnerável ao aparecimento de laringites e calos nas cordas vocais. Os efeitos da poluição sonora prejudicam a aprendizagem: quando todo mundo fala alto, ninguém ouve nada direito e é difícil prestar atenção.
De acordo com Eduardo Murgel, o primeiro problema das escolas é a planta: não se desenham edifícios escolares levando em conta as condições acústicas. “Se a lei determina um nível de 40 a 50 decibéis por sala de aula, os arquitetos deveriam colocar o prédio no fundo do terreno, longe da rua e fazer o pátio na frente”, afirma o engenheiro. Ele aconselha aos professores que trabalham em lugares ruidosos reivindicar da direção da escola e da secretaria de Educação salas com tratamento acústico – forros e pisos que absorvam o som – ou um sistema de alto-falantes e microfone em ambientes maiores.
Falar baixo é uma saída
“Quanto mais alto falam os alunos, mais alto fala o professor e maior é o barulho”, diz Eduardo Murgel. Ele recomenda discutir a questão com a turma para que o problema seja resolvido. Uma prática enriquecedora é criar a cultura da “fala mansa”. No início da aula, peça alguns minutos de silêncio à turma. Mostre como a classe fica mais acolhedora sem ruídos.
Leia a íntegra em:
http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0179/aberto/estresse.shtml
Nova Escola On-line
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