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Berlim – Auschwitz


Artigo de Luiz Felipe de Alencastro no site NoMínimo 12/02/2005

Viajo para Berlim num contexto especial, quando se comemoram os 60 anos da liberação do campo de concentração e de exterminação de Auschwitz-Birkenau. Como escrevi poucas semanas atrás, a respeito das comemorações realizadas no Brasil sobre os 40 anos do golpe militar e civil de 1964, comemorar não é apenas celebrar fatos pregressos. Comemorar – memorar coletivamente – é também evocar um passado encoberto pelo tempo ou por trauma da memória. O tema da Shoah é bastante complexo, e comporta um debate historiográfico, comentado num texto que escrevi alguns anos atrás. Por isso, permito-me voltar aqui à atualidade imediata.

A exemplo do espaço nacional alemão, Berlim é uma cidade que conheceu vários feitios geográficos, muitas configurações culturais e perigosas fronteiras políticas. Na verdade, a capital alemã concentrou quase todas as contradições e tragédias do século XX. Foco das duas guerras mundiais, da insurreição comunista spartakista em 1919, de um rico movimento artístico e cultural nos anos 1920, do mais maligno regime político que existiu na face da terra – no período 1933-1945 –, e de uma ditadura comunista entre 1949 e 1989, Berlim possui um carma e uma história sem paralelos no Ocidente.

Por isso, a evolução arquitetônica da cidade deve ser observada sob o prisma das polarizações que ali eclodiram nas últimas décadas. Um belo exemplo dos vaivéns da história berlinense ergue-se na Potsdamer Platz. Cruzamento de ruas mais movimentado do mundo antes da Segunda Guerra, a praça reunia edifícios governamentais nazistas, tendo sido copiosamente bombardeada pelos Aliados. Terminado o conflito, o lugar ficou bem no centro das tensões da Guerra Fria, espedaçado pelas zonas de ocupação americana, inglesa e soviética. A construção do Muro em 1961 cortou a Potsdamer Platz e levou à destruição dos prédios que ainda restavam em volta. Criou-se ali um no man’s land sinistro. Depois da queda do Muro, iniciou-se um vasto canteiro de obras que está quase concluído. A Platz já está eriçada de arranha-céus. Entre os prédios de vidro e espelhos, há escritórios, restaurantes, shopping center, um pedaço do antigo hotel Esplanade – lugar mítico dos «Golden Twenties» freqüentado por Charles Chaplin e Greta Garbo –, o museu cinematógrafico, a Praceta Marlene Dietrich, e os cinemas onde são projetados os filmes que concorrem ao Urso de Ouro, no festival internacional iniciado nesta semana.

O estilo pós-Manhattan do conjunto arquitetônico pode sugerir que o sucesso econômico subiu à cabeça dos alemães. Porém, com um pouco mais de compreensão e simpatia, dá para entender que a arquitetura e a distribuição dos espaços, virados ostensivamente para o futuro, procuram fugir do baixo astral campeando nas circunvizinhanças até pouco tempo atrás. Desse modo, o exagero espelhado nos prédios aparece mais como um descarrego feito de concreto e vidro para exorcizar o catastrófico azar alemão.

Outro lugar carregado, com boas e más vibrações berlinenses, é o Jüdisches Museum, o Museu de História Judaico, inaugurado em 2001, que recebeu mais de 700.000 visitantes no ano passado. O prédio foi concebido pelo arquiteto polaco-americano Daniel Libeskind. Também autor do conjunto arquitetônico para o Ground Zero, substituindo as Twin Towers em Nova York, Libeskind passou a ser chamado de «death camp Dany», pela garotada dos escritórios de arquitetura americanos. Seu projeto nova-iorquino, e sua maneira de promovê-lo, suscitam controvérsias, mas no Jüdisches Museum, Libeskind acertou a mão: o prédio e o museu são verdadeiramente impressionantes.
Leia a íntegra em:

http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=15&textCode=15417&date=currentDate&contentType=html

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