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Publicado pelo portal Universia Brasil 15/02/2005 |
(Renata Costa)
O acesso de todos à Educação é mais do que uma meta governamental, deve ser um direito. As universidades brasileiras estão, pouco a pouco, abrindo suas portas para que isto aconteça e seja feito sem discriminação. Embora desde 1999 haja uma portaria do Ministério da Educação, aPortaria nº 1.679 , assegurando direitos no âmbito educativo aos portadores de alguma deficiência, apenas mais recentemente é que as instituições de ensino têm se estruturado a fim de cumpri-la. Hoje, a instituição com o maior número de surdos no país é a Ulbra (Universidade Luterana do Brasil), no Rio Grande do Sul, com 85 alunos em 23 cursos diferentes.
Estruturar-se para incluir o surdo na universidade implica, em primeiro lugar, na contratação de profissionais intérpretes que possam acompanhar o aluno durante as aulas, interpretando em Libras ( Língua Brasileira de Sinais, considerada a segunda língua oficial do país) todo o conteúdo passado pelo professor em classe. Este direito é assegurado pelo MEC através da mesma portaria. (Atenção: todos os alunos surdos que precisam de um intérprete para compreensão do conteúdo ensinado em sala de aula podem exigir da instituição de ensino a contratação de um intérprete).
Mas é realmente possível interpretar todas as palavras e até mesmo termos técnicos em Libras? "Sim, interpreto tudo. Para os termos que ainda não possuem sinais correspondentes em libras, eu faço o alfabeto manual e crio, junto com o aluno surdo, um sinal específico para aquela palavra. Assim, da próxima vez que o professor usar o termo já teremos um sinal para ela", explica o pedagogo e intérprete das Faculdades e Centro de Formação Tecnológica Radial e da PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica), Rafael de Arruda Bueno José Miguel.
A doutora em Educação e professora do Departamento de Estudos Especializados em Educação da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Gladis Perlin, ela própria surda, vai mais além. "A língua de sinais tem todos os mecanismos para transmitir conceitos ou palavras compreensíveis. Com ela podemos discutir conceitos epistemológicos, teorias ou mesmo usar nosso lado poético", explica. "Acredito na potencialidade da língua que uso", afirma.
A necessidade, portanto, em contratar o intérprete para a sala de aula se dá pelo fato de os alunos surdos, além de obviamente não escutarem o que o professor diz, não terem domínio da leitura labial e nem da Língua Portuguesa. "Embora estejam cercados pelo Português, eles têm dificuldade de leitura, pois não conhecem muitas palavras. Isto acontece porque eles não as utilizam no dia-a-dia", explica Rafael.
Vestibular em Libras
Por conta desta dificuldade de leitura é que a inclusão do surdo na universidade exige, além do intérprete, um vestibular especial. "O surdo entende algumas palavras do exame, mas como não domina o Português, tem dificuldade de compreensão da prova. Por isso, no vestibular, é importante também a presença do intérprete para realizar em Libras a leitura das questões", explica o intérprete da Unicid (Universidade Cidade de São Paulo) e presidente da Associação dos Intérpretes e Guia-intérpretes do estado de São Paulo, Ricardo Sander.
Embora isto seja necessário, nem todas as instituições que já têm alunos surdos em seus quadros realizam um vestibular especial. O exemplo da Ulbra ainda não tem muitos seguidores. A prova, feita em uma sala separada com intérpretes, também recebe cuidado especial na hora de sua correção. "Temos uma doutora em Lingüística especialista em Libras que é responsável pela orientação dos professores para que estes corrijam a redação de forma correta", conta o coordenador do Ipesa (Instituto de Pesquisa em Acessibilidade) da Ulbra, o também intérprete e sociólogo, Ottmar Teske.
Leia a íntegra em:
http://www.universiabrasil.net/social/materia_voluntariado.jsp?id=6236
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