Antoni Tàpies volta ao Brasil após 50 anos |
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Publicado pela Agência Carta Maior 16/02/2005 |
(Margarida Nepomuceno)
O conjunto de obras do catalão Antoni Tàpies reunido pelo Banco do Brasil deve permanecer no país até junho - onde se encontra desde novembro do ano passado - oferecendo ao público do Rio de Janeiro e Brasília a chance de serem conferidos seu incontestável talento e os conceitos da crítica especializada que o colocam no topo entre os melhores artistas europeus da atualidade.
Suas obras, a maioria nunca vista no Brasil, representam a produção dos últimos 30 anos e revelam seu enigmático jeito de mostrar o mundo sem a utilização da narrativa fácil ou de linguagens prontamente perceptíveis.
Destaque entre os grandes pintores da época
A primeira vez que as obras do espanhol Tàpies estiveram expostas no Brasil foi em 1953, durante a II Bienal de São Paulo, quando o pintor recebeu o prêmio de aquisição do júri internacional pela tela Ásia, pertencente ao acervo do Museu de Arte Contemporânea da USP, trabalho evisto recentemente ( de novembro a janeiro) na mostra do pintor no CCBB, em São Paulo.
Vale lembrar que a II Bienal de São Paulo, transcorrida às vésperas da comemoração dos quatrocentos anos de São Paulo, é considerada a mais completa mostra da arte moderna internacional ocorrida no Brasil, pois reuniu os principais artistas que revolucionavam o mundo na primeira metade do século: o alemão Paul Klee participou com 65 obras; o mestre do expressionismo Edvard Munch expôs 19 pinturas e 50 gravuras; a Holanda trouxe 20 obras de Mondrian; Alexander Calder, norte-americano, um dos precursores da arte cinética teve uma sala especial para expor suas esculturas; além da Itália e França terem trazido o crème de la crème do futurismo e do cubismo. Foi nessa mesma Bienal, que Guernica, a célebre obra de Picasso, que hoje não sai do Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia, em Madri, nem por decreto do rei de Espanha, esteve também exposta. Daí a importância da premiação da tela Ásia,de Tàpies, um jovem artista, na época com apenas 30 anos de idade, ainda no início de uma promissora carreira.
Em 1957, Tàpies participou novamente da Bienal de São Paulo, em sua 4ª edição, com dez pinturas, todas de tendência abstrata, uma delas, inclusive, pertencente ao Museu de Arte Contemporânea de Madri.
Mestre do informalismo
Seguindo à risca os preceitos da arte não formal que substituiu a formal dos anos 40/50, segundo os quais a arte só teria razão de existir se causasse espanto,Tàpies valorizou o uso de materiais diversificados (como areia, tecidos, pedaços de madeira), suportes alternativos ao invés da tradicional tela e as cores densas construindo um perfil extremamente singular. Acrescente-se a esses elementos um repertório repleto de simbologia, cuidadosas pinceladas monocromáticas e uma profunda visão política e teremos em cada tela, uma verdadeira aventura na tentativa de descobrir um pouco da inventividade do pintor espanhol.
Para o historiador Fabio Magalhães, curador da mostra que acaba de ser inaugurada no Centro Cultural Banco do Brasil do Rio de Janeiro, autor do catálogo da exposição “Tàpies criou ao longo de sua carreira, um novo vocabulário plástico. Sua pintura é gestual, espontânea e ao mesmo tempo reflexiva”.“Sua expressão é contundente, dramática e cheia de vitalidade”, continuou.
Compromisso social com a arte
Sua geração substituiu o realismo socialista e o geometrismo racional pela expressividade abstrata, portanto, o compromisso social que ele afirma ter como homem de seu tempo, que observa e reflete a realidade, “nunca aparece diretamente no quadro, mas está dentro da cabeça do observador através de associações”, segundo ele próprio afirma.
Leia a íntegra em:
http://agenciacartamaior.uol.com.br/agencia.asp?coluna=visualiza_arte&id=2877
Agência Carta Maior
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