> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Boa noite
Quinta-Feira , 01 de Maio de 2025
>> Notícias
   
 
A ciência não explica a mulher


Entrevista de Ana Paula Vosne Martins no site NoMínimo 15/02/2005

(Thais Aguiar)
Lawrence H. Summers, diretor da Universidade de Harvard, causou alvoroço recentemente ao dizer que diferenças biológicas explicavam a falta de mulheres bem-sucedidas em carreiras científicas, mas não dizia nenhuma novidade: Há pelo menos dois séculos a ciência já servia de instrumento para fixar o papel da mulher na sociedade. Alguns doutores da ginecologia e da obstetrícia respaldavam a idéia de que a mulher deveria obedecer à natureza de seu corpo de fêmea, restringindo seu papel social à maternidade, aos filhos e ao lar. É o que mostra a historiadora Ana Paula Vosne Martins em seu livro “Visões do Feminino – a medicina da mulher nos séculos XIX e XX”, que acaba de ser lançado pela Editora Fiocruz.

Em entrevista concedida a NoMínimo, Ana Paula afirma que idéias de fundo científico e biológico são politicamente apaziguadoras, “pois retiram da sociedade e da história a responsabilidade por certas questões que incomodam, como a divisão desigual do acesso a profissões que dão prestígio, poder e dinheiro”. A historiadora mostra como o estudo do corpo feminino pelo saber médico colaborou para o aprisionamento da mulher ao determinar seu papel na sociedade pelas características corporais, reprodutivas e sexuais.

Para Ana Paula, a mulher do século XXI continua prisioneira do corpo, submetendo-se a intervenções médicas como plásticas e silicones, seguindo à risca as cartilhas da saúde e da beleza. Trata-se, segunda a historiadora, de uma versão mais moderna de controle da autonomia feminina. “Falta ainda, para a maioria das mulheres, alcançar a liberdade de seus corpos.”

As imagens da mulher-corpo, da mulher-mãe e da mulher frágil estão no foco do seu estudo. Que imagens são essas? Como foram respaldadas pelo saber médico nos séculos XIX e XX?

Essas imagens se confundem de tal forma na cultura oitocentista e durante boa parte do século XX que fica difícil, às vezes, separá-las com o objetivo de entender como elas foram produzidas. Resumidamente, o conhecimento científico sobre as diferenças humanas de gênero e de raça, que começou a ser elaborado em meados do século XVIII e durante todo o século XIX, estabeleceu como verdade que a constituição física dos corpos seria uma espécie de base indelével que definia o destino ou a função dos indivíduos na sociedade.

O problema de como estabelecer um padrão a partir do qual se podia enunciar o significado das diferenças – ou, em termos da época, quem era mais inteligente, forte, capaz de exercer o poder, criar obras artísticas e produzir o conhecimento -foi contornado ideologicamente pelos homens da ciência que partiram de um modelo físico bem determinado: o homem branco. Seu corpo passou a ser a medida, enquanto todos os outros corpos se tornaram objetos de estudo científico que precisava conhecer aquelas diferenças de gênero e de raça, submetê-las a um conjunto de procedimentos científicos (leia-se “verdadeiros”) e estabelecer o seu lugar, tanto na classificação da espécie humana, quanto na classificação social.
Leia a íntegra em:

http://nominimo.ibest.com.br/notitia/servlet/newstorm.notitia.presentation.NavigationServlet?publicationCode=1&pageCode=31&textCode=15464&date=currentDate&contentType=html

NoMínimo

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader