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Quinta-Feira , 01 de Maio de 2025
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Não há doutor qualificado sem emprego


Entrevista de Jorge Almeida Guimarães na Folha de S. Paulo 20/02/2005

O fluminense Jorge Almeida Guimarães, 66, assumiu em fevereiro do ano passado a presidência da Capes com um desafio que qualifica de "brutal": capacitar cerca de 125 mil docentes em turmas de mestrado e, até 2010, dobrar para 16 mil o número de doutores titulados por ano.

Em resposta aos críticos que dizem não haver mercado para tantos acadêmicos, Guimarães é categórico: bons doutores, diz, obtêm emprego "imediatamente".

Leia a seguir trechos da entrevista que ele concedeu à Folha.

Folha - A avaliação da Capes retrata fielmente a pós-graduação?
Guimarães - Sim, o nosso sistema de avaliação é dos melhores do mundo, mesmo entre países muito desenvolvidos.

Folha - Por que a avaliação da graduação no Brasil não consegue atingir êxito semelhante?
Guimarães - Bom, eu diria, em primeiro lugar, porque, apesar de os cursos de pós crescerem substancialmente, comparativamente com a graduação [o total] é muito menor. O que ocorreu com a graduação foi o fato de que o Brasil tem um grande mercado, haja vista que nós temos 10% dos jovens de 18 a 24 anos na universidade. Nos países vizinhos, como Argentina, Chile, Venezuela, Colômbia, essa proporção é na faixa dos 30%, e na Europa, 75%. Nos Estados Unidos [é de] 85%, e o Canadá já passou dos 100% porque há muitos jovens na universidade com menos de 18 anos. Então, a nossa situação é dramática.

A pós-graduação vem crescendo em cursos novos 9% ao ano. É um crescimento substancial. Mas são 3,3 milhões de alunos de graduação e 110 mil de pós-graduação. Então, apesar do crescimento fantástico da pós, ela ainda atrai uma proporção muito pequena [dos graduados].

Folha - Mas a demanda por cursos voltados ao mercado cresceu...
Guimarães - Porque nas áreas de ponta a graduação não dá conta de preparar o que o mercado de trabalho precisa. Por exemplo, a computação: uma área de ponta, extremamente importante. O Brasil é rico em jovens com muita criatividade, que são atraídos pelo mercado, e muitos não concluem a dissertação de mestrado. Isso acontece na enfermagem, na odontologia, na administração, na economia, em várias áreas que têm uma atração grande para pessoas que não vão ser cientistas.

Folha - A qualidade da pós caiu com o aumento da oferta?
Guimarães - A pós de qualidade superior está centrada nas instituições públicas e em algumas instituições comunitárias, como as PUCs do Rio, de São Paulo, do Rio Grande do Sul, do Paraná, de Minas, que têm também cursos de muito bom nível. Há, naturalmente, uma demanda no setor privado de explorar esse importante nicho, haja vista a quantidade de cursos lato sensu.

Folha - Por que a Capes não avalia o lato sensu?
Guimarães - Por causa do tamanho. Mas há uma preocupação grande do MEC de que nós vamos precisar, alguma hora, nos debruçarmos sobre a questão do lato sensu. Ele está crescendo desesperadamente. Há invasão de instituições até do exterior com desempenho sofrível. E nós estamos preocupados com isso. Já temos estudos de como puxar para o processo avaliativo o lato sensu. Não será, a não ser que haja uma determinação superior, uma tarefa da Capes, mas, seguramente, o know-how da Capes será utilizado. Os bons lato sensu estão se apresentando na Capes como mestrados profissionais. Isso sim, porque agora, ao fazer esse passo, a instituição aceita ser avaliada.

Folha - Recentemente, a Folha noticiou a dificuldade de doutores para encontrar colocação. A Capes pode incentivar contratações?
Guimarães - Há várias respostas. A primeira é a seguinte: não tem doutor qualificado sem emprego. É uma história muito curiosa, mas a verdade é essa e tanto é que todo santo dia me pedem doutores para trabalhar com salários muito bons. Pode haver algumas áreas já com uma certa saturação, mas isso também não é tão verdade assim. Há um pouco de exagero em dizer que tem doutor desempregado.

Leia a íntegra em:

http://www1.folha.uol.com.br/folha/especial/2005/guiadeposgraduacao/fj2002200502.shtml

Folha de S.Paulo

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