Mudanças de hábito aprimoraram funções vitais |
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Publicado pelo caderno Equilíbrio, da Folha de S. Paulo 24/02/2005 |
(Marcos Dávila)
Inspire, expire, inspire...
Sem perceber, respiramos cerca de 20 mil vezes por dia levando ao organismo uma substância vital: o oxigênio, responsável por quase todas as funções do metabolismo.
Por ser involuntária, a respiração é muitas vezes negligenciada, mas pode trazer muitos benefícios se for feita com consciência.
A regra número um é: inspire sempre pelo nariz. Parece óbvio, mas muitos problemas aparecem no organismo por conta da respiração bucal.
"O ser humano é um respirador nasal, mas grande parte da população passou a respirar pela boca, pois tem doenças obstrutivas das vias nasais", afirma a pneumologista Iara Nely Fiks. Segundo ela, o aumento da poluição e das alergias, a variação de clima e os ambientes artificiais (sem ventilação e com ar-condicionado) contribuem para a propagação de doenças obstrutivas do nariz, como a rinite alérgica.
"Os respiradores bucais dormem mal, e as crianças acabam com problemas ortodônticos", diz a médica. De acordo com ela, a respiração nasal é muito mais eficiente por três motivos: ela filtra, umidifica e aquece o ar. Por exemplo, o ar condicionado, com 18OC de temperatura, deve chegar ao pulmão com aproximadamente 36,5OC -a temperatura ambiente do corpo. O nariz é responsável por esse aquecimento, além de reter parte das impurezas em seus capilares e mucosidades, que também deixam o ar levemente molhado.
"Apesar de não nos darmos conta, a respiração está intimamente associada às nossas emoções e aos nossos padrões de comportamento", diz o professor de ioga e biólogo Anderson Allegro. "Observe como ela muda, tornando-se curta e superficial, quando estamos ansiosos ou com medo. Quando pensamos em algo bom, ela se torna mais profunda."
O ar que se respira, na ioga, é chamado de "prana" (energia vital, em indiano). Allegro utiliza em suas aulas exercícios de respiração chamados "pranayama" (algo como domínio da energia vital, em indiano).
A pneumologista Iara Nely Fiks costuma recomendar a prática da ioga para pacientes com síndrome da hiperventilação. "Trata-se de uma doença ligada à ansiedade. É como se a pessoa precisasse pensar para respirar. O paciente acha que não está enchendo suficientemente o pulmão de ar e começa a respirar pela boca", afirma.
EXPIRAÇÃO
A expiração acontece de forma ainda mais imperceptível e, na maior parte das vezes, é menos intensa e mais curta do que a inspiração.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Reeducação Postural Global (RPG), Oldack Borges de Barros, a inspiração mais forte é um mecanismo de defesa. "Quando inspiramos, estamos em estado de alerta", diz.
Um importante causador da má postura, segundo ele, é o desequilíbrio entre as trocas de ar: "Colocamos muito mais ar para dentro do que para fora. Isso acarreta um aumento de tônus da musculatura da inspiração. A pessoa fica mais dura, rija. Favorece o aumento do estresse e de problemas musculares e articulares".
O terapeuta explica que a maior parte das pessoas usa a mesma musculatura da inspiração (no peito) para expirar. "Usamos os músculos abdominais da expiração somente quando gritamos, espirramos ou tossimos", diz Barros. A RPG tem exercícios de respiração abdominal em que a expiração fica mais longa do que a inspiração. "O movimento natural do alívio é a expiração", afirma.
http://www1.folha.uol.com.br/folha/equilibrio/noticias/ult263u3872.shtml
Folha de S.Paulo
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