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Infecção bacteriana rumo ao Brasil


Publicado pelo site Scientific American Brasil 07/03/2005

(MANUEL CESARIO e RAQUEL RANGEL CESARIO)
Endêmica dos Andes, bartonelose se alastra com abertura de estradas e degradação ambiental.
Uma doença praticamente desconhecida dos profissionais de saúde brasileiros está se aproximando de nossa fronteira, e seu impacto pode ser agravado pelo modelo de desenvolvimento adotado na Amazônia. A infecção em questão é a bartonelose, originária dos Andes, causada pela bactéria Bartonella bacilliformis e transmitida pelos mesmos mosquitos vetores da leishmaniose. Comum nos vales interandinos peruanos, na última década a bactéria atingiu áreas mais extensas do Peru, incluindo altitudes mais baixas. Em 2003, chegou ao Departamento de Loreto (fronteira com o estado do Amazonas) e, em 2004, infectou 19 pessoas em Madre de Diós, que faz fronteira com o Acre e a Bolívia. O receio é que, caso a bartonelose entre na Amazônia brasileira, sua disseminação seja acelerada pela falta de treinamento específico dos profissionais de saúde do país.

A construção de estradas, hidrelétricas e a expansão da agropecuária extensiva impulsionam o desmatamento, as queimadas e migrações, e tudo isso contribui para aumentar a ocorrência de doenças. Essa tendência tem sido observada, por exemplo, com relação à malária, mas poderia ser ainda mais grave no caso da bartonelose, dada a falta de experiência com a doença no Brasil. Estudos na África e na Amazônia já mostraram que o maior dano à saúde das pessoas e aos ecossistemas acontece ao longo das estradas, principalmente daquelas recentemente asfaltadas.


A bartonelose, também conhecida como doença de Carrión, é originária dos altos vales inter-andinos do Peru, da Colômbia e do Equador.

Causada pela bactéria Bartonella bacilliformis, é transmitida por mosquitos do gênero Lutzomyia, os mesmos vetores da leishmaniose. Após um período médio de incubação de 61 dias (que varia de dez a 210 dias) o doente com bartonelose apresenta inicialmente sintomas inespecíficos como mal-estar geral, sensação febril com calafrios leves e dores nos músculos, articulações e cabeça, podendo chegar a náuseas e vômitos.

Em sua fase mais avançada, a doença causa fraqueza, febres e calafrios, e as vezes é confundida com a malária. O diagnóstico clínico diferencial se faz pela intensa palidez, resultante de forte anemia. O doente pode ainda apresentar a chamada bartonelose verrucosa. Esta se assemelha a tumores de pele, à leishmaniose tegumentar americana ou a algumas formas de hanseníase (lepra).

O diagnóstico é firmado laboratorialmente quando são encontradas uma ou mais B. bacilliformis parasitando de 1% a 100% dos glóbulos vermelhos do sangue. No Peru, segundo Salvador Quispe, entre 1% e 17% dos pacientes morrem, dependendo do grau de pobreza local.

O efeito das políticas tradicionais de desenvolvimento sobre as epidemias é observado há mais de cem anos na Amazônia sul-ocidental. A região -- noroeste da Bolívia, leste do Peru, Acre, Rondônia e sudoeste do Amazonas - ainda é considerada "fim-de-mundo" pelos países que a formam. No fim do século XIX, a valorização da borracha levou ao sudoeste amazônico legiões de nordestinos, dando início ao extrativismo seringalista. No início do século XX, foram retomadas obras da ferrovia Madeira-Mamoré, cuja construção havia sido abortada por ingleses e americanos. Essas duas empreitadas envolveram migrações maciças e alterações ambientais que resultaram, segundo o infectologista Erney Camargo, nas duas primeiras grandes epidemias de malária na Amazônia.
Leia mais em:

http://www2.uol.com.br/sciam/conteudo/noticia/noticia_103.html

Scientific American Brasil

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