Publicado pela Universia Brasil 22/03/2005

´Sem professor não há ensino`. A definição clássica tem crescido dentro das instituições de Ensino Superior, que passaram a traçar estratégias de valorização e qualificação dos professores para obter resultados efetivos na formação de alunos

(Renato Marques)
Imagine uma indústria onde os prédios são novos, a matéria prima é da melhor qualidade, a administração é extremamente profissionalizada, o desenvolvimento de pós-produção é planificado e os laboratórios de desenvolvimento contam com equipamentos de última geração. Ainda assim, falta algo. Mesmo neste contexto, se as máquinas e os operadores não existirem, ou mesmo não contarem com uma boa manutenção, tudo se perde. Embora possa parecer simplória, a comparação acima aponta parte da realidade vivida nas instituições de Ensino Superior. Ainda que pareça óbvia a necessidade de fortes investimentos no desenvolvimento de professores, essa não é uma realidade presente em todo o setor. Muitas vezes - na maioria delas, até - o foco de trabalho das instituições está na captação de alunos. Sem professores de qualidade, no entanto, essa ampliação do número de alunos se torna uma faca de dois gumes. Traçando um paralelo com a metáfora da indústria, apenas com professores de qualidade é possível fazer com que o conhecimento (matéria prima) seja efetivamente absorvido pelos alunos.Essa percepção tem crescido gradativamente com o desenvolvimento do setor. Enquete realizada no mês de fevereiro pelo Portal Universia Brasil, com 1.378 estudantes ou ex-estudantes de cursos de graduação, apontou que para 91,5% achavam que o mais importante em uma universidade é encontrar professores de qualidade. Em seguida, muito longe, vinham equipamentos de última geração, com 3,84% e atendimento qualificado na secretaria e demais departamentos, com 2,32%. É preciso, no entanto, destacar que a enquete verificava a opinião de pessoas que já estavam, ou estiveram, estudando em uma IES. Portanto, não leva em conta a questão do custo, importante para pré-universitários."Sem professor não há ensino. Ele está no meio do caminho entre o conhecimento e o aluno e, através de mil estratégias diferentes, faz com que o conhecimento penetre na cabeça do estudante", afirma o presidente do conselho consultivo das Faculdades Pitágoras, Cláudio Moura Castro. "O professor é o dono da mágica dentro da sala de aula. Ali, o diretor não pode interferir, nem ninguém, mas ele precisa ter o máximo de apoio e retaguarda para que o seu trabalho não seja o de descobrir o que todos já descobriram."Com essa perspectiva em mãos, muitas instituições têm optado por investir tempo e recursos para garantir um quadro de professores altamente qualificado. E "qualificado", neste caso, tem a conotação de profissionais com condições de exercer a função para a qual foram contratados - repassar o conhecimento na sala de aula e se fazer entender. Independente do seu nível de titulação, que, embora seja muito importante - fundamental, até - não indica sua capacidade de trabalhar dentro de uma classe, conviver diariamente com os alunos, suas necessidades e dificuldades. "Um concertista toca a sonata de Mozart e é aplaudido de pé. Ninguém acha ruim se ele comprou a partitura na loja, seguiu o andamento, e viu as anotações que o compositor escreveu à mão", diz Castro. "Mas algumas pessoas acham que o professor precisa que reinventar a partitura. Ele não tem que ser um Mozart na sala de aula, tem que ser herdeiro de uma tradição de conteúdo e de estratégia de ensino. Alguém deve facilitar a vida dele para ele ser professor."Processo de seleção: separando o joio do trigo"
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