Publicado pelo site Estadão 28/03/2005

(David Moisés)
As lousas eletrônicas para salas de aula encheram os olhos dos visitantes na Education Show em Birmingham, a maior feira de educação do Reino Unido, que terminou neste sábado. Este luxo tecnológico, mal conhecido no Brasil, está entrando na segunda geração com muito mais recursos de interação. Objetos projetados na tela podem ser movidos sem perder definição – o que é importante para os alunos acompanharem um raciocínio, por exemplo –, pode-se escrever com o dedo e salvar a palavra ou texto num arquivo específico enquanto outro conteúdo é salvo separadamente, etc.
E já estão surgindo alguns ainda mais sofisticados, com projeção por trás da tela. É uma vantagem – muito cara – para quem se incomoda com a sombra do professor sobre o quadro. Explicando: as lousas eletrônicas são telas sensíveis sobre as quais são projetadas imagens, mas estas imagens podem ser manipuladas como se estivessem realmente no quadro. Então o professor tem de ficar muitas vezes entre a tela e o projetor. A solução intermediária era a projeção diagonal, que evitava parcialmente a sombra.
Professores
Parece impossível alguém se importar com isso quando se pode esquecer giz e apagador e escrever, desenhar, pintar, colar, mover, recortar e animar coisas no quadro, salvando tudo para registro, fazendo cópias, mesclando conteúdos, enfim, tendo na parede uma espécie de tela de computador sensível ao toque e com múltiplas ferramentas. Pois os professores britânicos foram ouvidos pelos fabricantes e apontaram as possíveis melhoras, que foram apresentadas na feira. Mas pediram, sobretudo, mais agilidade para as ferramentas.
A Smart Technologies (www.smarttech.com) e a Promethean ( www.interactive-whiteboards.co.uk) atenderam e trouxeram softwares que permitem ao professor fazer anotações enquanto os alunos trabalham no quadro, por exemplo. Os quadros têm medidas de 50, 60 e 70 polegadas e podem ser analógicos ou digitais. No caso dos digitais, é preciso usar uma caneta sobre a tela, e nos analógicos basta qualquer toque na superfície sensível. Os analógicos de 70 polegadas custam pelo menos R$ 7.500 no varejo, fora o frete e tributos de importação; os digitais, a partir de R$ 6.500. Os quadros com projeção por trás, para quem ousa perguntar, são cotados a R$ 35 mil, pelo menos.
Softwares
O outro destaque da Education Show foram os softwares para atividades pedagógicas, e uma das marcas desta geração é a simplicidade na apresentação com maior densidade no conteúdo. Não há mais tantas introduções animadas e musicadas, mas um investimento maior nos objetivos pedagógicos. Não deve ser por acaso que a 2Simple Software ( www.2simple.com) foi uma das premiadas deste ano pela Associação Britânica de Fornecedores em Educação (Besa), na categoria de recursos e equipamentos para o ensino fundamental.
Os programas também estão explorando cada vez mais a transdisciplinaridade. “Não tenho visto no Brasil softwares tão simples e que unem tão diretamente as várias disciplinas em torno de assuntos comuns”, observa Assaf Faiguenboim, do Sistema Anglo de Ensino, que participou de uma missão brasileira. “Os programas também estão sendo disponibilizados cada vez mais via internet.”
Canal
As inovações britânicas aplicadas à educação têm atraído o interesse de empresas brasileiras ligadas ao setor, segundo Ray Barker, diretor da Besa. “Há um grande interesse em novas tecnologias, principalmente, e temos recebido muitas consultas”, disse ele. A maioria dos 650 expositores da Education Show 2005 é afiliada à associação, e isso significa que a organização é um bom canal para se fazer contato.
Há empresas do Reino Unido sempre dispostas a parcerias e intercâmbios, lembrou Barker. O site da Besa (www.besa.org.uk) tem links para todos os associados, divididos por segmentos, o que permite um bom tour pelos produtos e serviços que foram expostos na feira de Birmingham

http://www.estadao.com.br/educando/noticias/2005/mar/19/59.htm

Estadão

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