Museus e centros de ciência devem ir a comunidade |
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Publicado pelo Aprendiz 14/04/2005 |
(Marina Rosenfeld)
Um museu e um centro de ciência de dentro para fora. Foi assim que o diretor do Exploratorium (EUA), Goery Delacote, deu início à palestra "Novos Modelos e Desafios para Museus e Centros de Ciência", no segundo dia do 4° Congresso Mundial de Centros de Ciência - 4SCWC, realizado no Rio de Janeiro.
"De dentro para fora significa ir além dos muros, ir até a comunidade. Ter museus e centros que não estejam preocupados somente em trazer pessoas para suas dependências", disse o especialista.
De acordo com Delacote, não é possível mais nos dias de hoje agir de forma isolada. "Deve-se se unir a outras pessoas, fazer parcerias. Um verdadeiro museu em rede, que não se limita a um único lugar". O cientista acredita que esse é o modelo de museus e centros de ciência emergentes.
"Sempre queremos guardar nossas invenções para nós mesmos e isso é medieval. Precisamos levar aos outros", afirmou Delacote. Diante dessa realidade é que Alan Leshner, chefe executivo da American Association for the Advancement of Science (AAAS), acredita ser o diálogo com o público o ponto de partida para a mudança.
"É preciso expandir os horizontes e escutar também o que o público tem a dizer, o que lhes interessa", comentou. Dessa forma, para o diretor do Exploratorium, além de levar a ciência para a população, um outro desafio é mostrar ao público a beleza da invenção e estimulá-lo a ter a ciência mais presente no seu dia-a-dia.
Os museus e os centros devem mostrar à população aquilo que ela vê em jornais e revistas e que, a princípio, parecem tão distantes de sua realidade. "Deve ser um centro "polimídia", onde as pessoas possam fazer conexões e perceber mais profundamente o que é divulgado pelo mundo afora", afirmou Delacote.
Leshner disse ainda que as ações dos museus e dos centros só fazem sentido se e só terão efeito se eles estiverem inseridos na sociedade. "Devemos estar inseridos para inserirmos nossas inovações". Segundo ele, a relação ciência e sociedade influência profundamente os centros de ciência.
Pesquisas norte-americanas mostram que as pessoas de uma forma geral respeitam ciência e tecnologia. "Elas aprovam e confiam na ciência. Nos EUA 86% das pessoas acham que a ciência ajuda na nossa vida". Entretanto, mesmo com essa aprovação, o especialista acredita que algumas barreiras ainda têm que ser vencidas. O primeiro obstáculo diz respeito ao conhecimento do termo ciência e o segundo as crenças religiosas.
"Muitas pessoas ainda não sabem definir o que é ciência e o que não é. A ciência é opaca para a maioria de nós. Seu jargão é difícil e não é facilmente compreendido. Fora isso, há uma certa tendência anti-evolucionista influenciada pelas crenças e religiões. Assim como na escola, a religião também chegou aos centros de ciência", afirmou. Ele disse ainda que o problema não é o ensino de religião nas escolas, mas a forma como ela é conduzida. "Essa sobreposicão de valores causa distância entre a sociedade e a ciência".
A diretora executiva da Red-Pop (Rede de Popularização da Ciência e da Tecnologia na América Latina e no Caribe), Julia Parga, finalizou dizendo que pessoas de todo o mundo deixam de visitar centros de ciência por questões religiosas. "É preciso compreender que independente da cultura, da religião, na ciência aprende-se coisas muito importantes para a vida".
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