Psicólogos querem ítem sobre raça no Censo Escolar |
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Publicado pelo Terra 15/04/2005 |
Psicólogos e organizações protetoras de direitos de afrodescendentes defendem a inclusão do item cor/raça inserido no Censo Escolar deste ano. A informação é considerada por eles fundamental para o desenvolvimento de uma política de inclusão social dessa parcela da população.
"A iniciativa é altamente positiva porque vai obrigar uma discussão do tema dentro das escolas. Isso auxilia na afirmação e na formação da identidade das pessoas", analisa o assessor de políticas públicas da organização não-governamental Educafro, Jaime Alves. "É mais um passo na luta pela educação inclusiva", argumenta o vice-presidente do Conselho Federal de Psicologia, Marcus Vinícios de Oliveira.
O presidente do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, Eliezer Pacheco, informa que o item foi incluído após várias reivindicações dos afrodescendentes. "Só poderemos definir políticas de inclusão quando conhecermos nossos estudantes", afirmou.
Muitos professores, no entanto, não concordam com a argumentação. Coordenadores e diretores de escolas prevêem que os dados vão omitir a realidade. De acordo com a diretora do Centro de Ensino Fundamental do Gama (cidade satélite de Brasília), Rose Guimarães, os pais dos alunos evitam assinalar o item que define seus filhos como negro. "A grande maioria marca "cor branca". Mas eu sei que a maioria desses alunos é parda ou negra", argumenta.
Para a psicóloga infantil da Universidade de Brasília, Laércia Vasconcelos, a posição dos pais indica que "quanto maior a história de vida, mais ficam comprovadas as práticas sutis de racismo". Os pais só preenchem as fichas de estudantes com idade inferior a 16 anos. Acima dessa idade, cabe aos alunos optar por um dos cinco critérios: branco, pardo, negro, amarelo e indígena. "As alternativas deixaram os jovens em dúvida sobre a própria cor. Não sabiam se a resposta deveria ser baseada no tom da pele, traços físicos ou relacionada aos seus antepassados", conta o professor do Centro Educacional Elefante Branco, em Brasília, Camilo Silva.
Marcus Vinícios de Oliveira explica que a dúvida está associada ao fato de que, no Brasil, ser negro é associado a uma condição pejorativa e de inferioridade. "Portanto, o problema não está em declarar-se negro ou não. O problema está em que os indivíduos possam se sentir à vontade dentro da sua origem étnica e que essa condição seja natural. Esses são atributos corporais e fenotípicos que não devem ser motivo de vergonha para ninguém", sintetiza.
O resultado do Censo 2005 será divulgado em novembro. O questionário será preenchido por diretores, professores e alunos. O prazo final para entrega dos dados é o dia 29 deste mês, nas secretarias estaduais de Educação.
http://noticias.terra.com.br/brasil/interna/0,,OI510977-EI994,00.html
Agência Brasil
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