Dia: trabalho. Noite: estudo |
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Publicado pela Universia Brasil 27/04/2005 |
Saiba como é a qualidade de vida e quais as principais dificuldades enfrentadas por universitários trabalhadores e também como conciliar o emprego e os estudos.
No Brasil, segundo o Censo da Educação Superior de 2003, são 3,9 milhões de estudantes matriculados em cursos de graduação. Desses, 1,7 milhão freqüentam o ensino noturno. Além disso, 88,9% das instituições de ensino superior brasileiras são privadas, ou seja, o universitário, muitas vezes, tem que fazer uma dobradinha de trabalho e estudos, pois tem que pagar a mensalidade.
Os alunos do período noturno que trabalham o dia todo em grande parte chegam à universidade cansados. Por esta razão não apresentam um aproveitamento ideal das aulas. "De um modo geral, os alunos do noturno têm o dia todo ocupado no trabalho e, por isso, chegam extremamente exaustos, querendo dormir ou passear. A escola se torna muito mais um `social´ para eles. É complicada essa situação: primeiro porque ele chega cansado; segundo porque estão desestimulados, pois a escola é extremamente desinteressante na maioria do tempo. Esse é o grande desafio que os professores que trabalham à noite enfrentam", descreve a coordenadora do curso de Letras e Pedagogia da Universidade São Judas, Maria Cristina Salvador.
Acontece que a relação entre ensino e aprendizagem é direta. Nem tudo aquilo que o professor ensina, o aluno aprende. Quem tem que participar do processo de construção de conhecimento é o próprio aluno. "É ele que tem que construir esse conhecimento, não sou eu. Não é o professor que abre a cabeça do aluno e coloca lá dentro o que ele tem que saber. Sentimos essa como uma das grandes dificuldades do professor: que o estudante se perceba construtor de conhecimento e que aquele tempo que está na escola torne-se muito bem aproveitado. O aluno deve tomar muita consciência disso", conta Maria Cristina.
Participar é preciso
O aluno é quem deve se interessar por aprender, mas, muitas vezes, o cansaço, a fadiga, a fome, as dores, a cobrança no emprego o impedem de aproveitar plenamente as aulas. A partir dessa percepção, a psicóloga e professora da PUC-Campinas, Maria Cláudia Roberta Tombolato, resolveu estudar a qualidade de vida do universitário e defendeu agora no início de 2005 a dissertação "Qualidade de vida e sintomas psicopatológicos do estudante universitário trabalhador".
"Eu sou professora há quase 20 anos e sentia diferenças entre o pessoal do diurno e noturno, algumas coisas foram me chamando a atenção. Eu dei um curso dentro da PUC que era uma vivência, e os alunos do noturno tinham muitas queixas em relação a cansaço, dor nas costas, dor de cabeça. Alguns já estavam tomando calmante, tinham depressão. Confesso que fiquei um pouco assustada pelo volume de alunos (nessas circunstâncias), e percebi que isso era um pouco maior entre os que trabalhavam", relata Maria Claúdia.
Quando começou a pesquisar o assunto, percebeu que havia poucos estudos brasileiros sobre o universitário trabalhador. "Fiquei ainda mais assustada quando eu vi que o Brasil é um dos poucos países que dá ao universitário uma carga horária de trabalho normal de oito horas e outro tanto para estudar. Ou seja, na Europa, é menor o contingente de alunos que trabalham e estudam. Aqui no Brasil, (essa proporção) é mais da metade dos alunos de graduação", conta a psicóloga.
A principal questão da pesquisa era: O trabalho estaria interferindo na qualidade de vida do universitário? Maria Cláudia trabalhou com 140 alunos do período noturno. Desses, 122 eram trabalhadores. "Fui comparar então as diferenças entre esses dois grupos. Fiz um questionário sócio-demográfico, usei um instrumento da OMS (Organização Mundial de Saúde), que é mundialmente utilizado para avaliação da qualidade de vida e analisa o aspecto físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente. Inclui também um instrumento que avalia sintomas psicopatológicos", relata a professora da PUC-Campinas.
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