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Estamos prejudicando nossos melhores alunos?


Publicado pelo Aprendiz 17/05/2005

(Gilberto Dimenstein)
O objetivo era comparar o desempenho de alunos de escolas públicas e de escolas particulares na universidade. Foram, então, analisados os registros acadêmicos de jovens da mesma idade que tiraram as mesmas notas no vestibular, começaram a estudar no mesmo ano e entraram no mesmo curso da Unicamp.

A pesquisa surgiu quando a direção da Unicamp discutia mecanismos para democratizar o vestibular e queria conhecer melhor os estudantes que tinham vindo de escolas públicas. Os pesquisadores se surpreenderam com a comparação.

A conclusão contraria o senso comum: os estudantes de escolas públicas se saíram melhor. Isso apesar de serem comparados com colegas mais ricos, egressos de colégios particulares.

Resultado semelhante foi divulgado, na terça-feira passada, pela Universidade Estadual do Rio do Janeiro, onde se criou um sistema de cotas para alunos mais pobres. Os chamados "cotistas", por muitos acusados de só passar no vestibular por favor e de ter qualificação insuficiente (o que acabaria fazendo baixar o nível acadêmico), apresentaram rendimento ligeiramente superior ao dos demais universitários matriculados nos mesmos cursos.

As razões dessa vantagem apresentada por quem saiu de uma desvantagem já é motivo de interesse de pesquisadores da Unicamp das mais diferentes especialidades -o que certamente vai render teses de doutorado. Vão surgir as mais diversas interpretações para esse fato. Uma delas foi exposta durante debate, realizado na Folha, sobre ensino superior e inclusão, pelo reitor da Unicamp, José Tadeu Jorge, para quem existem sinais inequívocos de que os estudantes de escolas públicas, lutando contra todas as dificuldades, desenvolveram uma garra especial.

É o que explica, por exemplo, por que os imigrantes e migrantes conseguem prosperar.

Tais informações agregam mais uma questão na seleção para ingresso nos melhores cursos. Trata-se não apenas de uma questão moral -ou seja, de desigualdade de oportunidades- mas também de desperdício de recursos humanos.

Se for verdade que alunos de escolas públicas, sobreviventes da peneira educacional, são mais esforçados, aproveitam melhor uma oportunidade, recuperam as defasagens e se destacam, o país está deixando de fora sua melhor fatia de capital humano, condenando-a a faculdades privadas de péssima qualidade.

O vestibular, portanto, está selecionando, muitas vezes, não os melhores alunos para o ensino superior, mas aqueles habilitados a fazer melhor testes episódicos. Temos hoje quase 10 milhões de alunos no ensino médio, a imensa maioria deles em instituições oficiais, o que dá a medida do desperdício.

Daí que vale a pena prestar atenção a uma solução discutida na Universidade de São Paulo. Seu reitor, Adolpho José Melfi, discorda do programa de cotas, mas concorda com o objetivo de atrair mais alunos de escolas públicas.

Uma das alternativas, segundo ele, seria a universidade fazer um selecionado de alunos dos ensinos fundamental e médio com base em critérios objetivos: as provas já existentes de desempenho. A USP trataria de oferecer-lhes reforço especial, inclusive com cursinho pré-vestibular gratuito. Os selecionados teriam, assim, uma educação em dois períodos, com direito a bolsa para que não tivessem de trabalhar.

A medida também seria um tapa-buraco, é claro. Alternativa de verdade é oferecer a todos ensino de qualidade, o que, neste momento, é impossível, por exigir toda uma cadeia educativa: o processo começa com a criança recém-nascida recebendo os mais diversos estímulos familiares ou em creches (o que é ainda escasso no país) até chegar ao ensino médio. São anos e mais anos de investimento. O Brasil ainda não estabeleceu, nem mesmo nos discursos, a educação como prioridade.
Leia mais em:

http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=e6a80cb00af4701000001eb08e196736

Aprendiz

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