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Bullying e desrespeito na escola


Publicado pelo Caderno Equilíbrio 20/05/2005

(ROSELY SAYÃO )
A correspondência de duas leitoras dá o tema da conversa de hoje. A primeira -professora de escola municipal do interior paulista- pede ajuda para saber como enfrentar o "bullying". A segunda -uma garota de 15 anos da segunda série do ensino médio de uma escola particular- relata o que ela chama de "guerra por cadeiras" em sua sala.
Ela conta que prefere sentar-se nas cadeiras da frente para conseguir prestar atenção às aulas e reclama da turma do fundão, que só quer atrapalhar. Ocorre que a turma do fundão decidiu tomar os lugares da frente e, desde então, a classe se dividiu em duas turmas que se digladiam.
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Isso ocorre porque temos preferido nos comprometer mais conosco do que com qualquer outra coisa
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A discussão sobre o "bullying" está na ordem do dia. Nas escolas, especialistas das mais diversas áreas são chamados para dar palestras; os pais se preocupam em instruir os filhos sobre como agir caso sejam vítimas; alunos convivem diariamente com fatos do tipo e não sabem como reagir.
Mas o que é "bullying"? Em inglês, "bully" significa amedrontar, intimidar, ameaçar. Qualquer comportamento que, mesmo em tom de brincadeira, intimida, ofende, agride ou exclui é chamado de "bullying".
A cada dia, nós conseguimos inventar uma moda mais sofisticada e com aparência de seriedade teórica para responsabilizar, cada vez um pouco mais, a geração dos mais novos pelos conflitos e confrontos da convivência humana desde muito cedo. O caso do "bullying" é um exemplo típico de como estamos desertando de nosso papel de iniciar os mais novos nas relações humanas. Estamos abandonado-os à própria sorte.
Esse fenômeno do "bullying" não é nenhuma novidade. Todos sabem do que crianças e jovens são capazes -alguns falam até em crueldade infantil. Acontece que eles olham apenas para si e não têm idéia ainda de que seus atos podem atingir o outro. São inconseqüentes porque ainda não refletem sobre a responsabilidade de seus atos, palavras, condutas. Não conseguem ainda se colocar no lugar do outro.
E é exatamente por isso que os adultos precisam fazer a iniciação dos mais novos na vida em grupo (papel importante da família) e na vida civil (papel notadamente da escola) para, entre outras coisas, mantê-las. E isso exige implicação, compromisso.
Ocorre que temos preferido nos comprometer conosco mais do que com qualquer outra coisa. Estamos nos desresponsabilizando pelos fatos que têm ocorrido com nossos filhos e alunos. É por isso que dizemos, entre outras coisas, que as crianças e os jovens de hoje não têm limites. Parece que ter ou não ter limites tem a ver apenas com eles, não supõe a relação com um outro, em geral adulto.
O "bullying" ocorre com tanta freqüência porque os adultos responsáveis pelas crianças e jovens estão ausentes dessa relação. Vejamos o fato relatado pela leitora: uma verdadeira guerra está ocorrendo na sala dela. E onde estão os professores e coordenadores, que não intervieram nesse processo antes que virasse combate?
As escolas não só não agem decisivamente na mediação dos conflitos e nos ensinamentos das relações solidárias como incentivam a competição entre colegas como motivação para o desenvolvimento nos estudos, além de fazer a apologia dos "alunos populares". Ora, quem aprende que precisa competir e ser popular usa as armas que tem para tanto. Isso pode significar sair dando cotoveladas para garantir seu lugar. E os pais são cúmplices dessas atitudes da escola, é bom lembrar.
A estudante que enfrenta dificuldades em sala, já que está abandonada pelos professores, precisará alertá-los de que não dá conta da questão sozinha. A professora que não sabe o que fazer precisa convocar os colegas para, em conjunto, estabelecerem metas de trabalho que ensinem, na prática e diariamente, relações respeitosas no espaço escolar.

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/equilibrio/eq1905200511.htm

Folha de S.Paulo/Equilíbrio

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