Livro mostra caminho para melhorar escola pública |
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Publicado pelo Aprendiz 30/06/2005 |
(Rodrigo Zavala)
Um dos fatos discursivos mais recorrentes ao se entrar em contato com a realidade escolar é a indisciplina do aluno, motivada por uma completa rejeição aos valores apresentados pela escola. Mais do que isso, há a constante e reiterada crítica do corpo docente aos estudantes, enquadrando-os como amorais, hedonistas (imediatistas) e à prática educacional e formativa.
Enquanto essas constatações ganham ares de verdade nua e crua do cotidiano escolar, principalmente quando relacionadas a instituições públicas, o desinteresse, os conflitos interpessoais e a violência continuam presentes na sala de aula. Resultado: fracasso escolar, destruição da auto-estima dos alunos e a sensação generalizada de incompetência por parte dos educadores.
Para entender como se chegou a isso e as possibilidades reais de mudança, a ONG Ação Educativa lançou ontem o livro Diálogos com o Mundo Juvenil - Subsídios para Educadores, escrito pelas pedagogas Raquel Souza e pela socióloga Ana Paula Corti. O trabalho reúne uma série de textos com base no trabalho de quatro anos realizado pelas profissionais em 10 escolar públicas de Ensino Médio da capital paulistana.
O projeto Cultura Juvenis - Educadores e Escolas foi promovido em duas fases. Entre 1999 e 2001, a Ação Educativa procurou dialogar com um grupo de escolas dobre os desafios da educação, enquanto reunia grupos juvenis dos mais diversos movimentos para debater o tema.
Em segundo momento, em um trabalho que se estendeu de 2002 a 2003, os trabalhos de voltaram para grupos de formação de professores de suas escolas públicas da periferia de São Paulo - ambas presente na primeira fase do projeto. "O diálogo entre os educadores e o universo infantil é uma das mais importantes preocupações da Ação Educativa em seus 11 anos de existência. O livro é um produto dessa ponte", acredita Sérgio Haddad, presidente da organização.
Para uma das autoras, Raquel Souza, as práticas do trabalho desenvolvido nos quatro anos de projeto tiveram como resultado uma mudança sistemática de horizontalização das relações dentro das escolas. "Houve um grande apoio a projetos cuja a idéia de gestão participativa entre corpo docente e discente fossem efetivas", conta a pedagoga. Essas experiências estão descritas no livro.
Nesse contexto, os trabalhos se centraram em deixar compatíveis as linguagens de educadores e estudantes em busca de melhorar não apenas as relações entre eles, mas deixar mais prazerosas as aulas. Mateus Bertolini de Moraes, do grupo juvenil SUAT - Sindicato Urbano de Atitude, traz bons exemplos disso. "Os estudantes passam a descobrir coisas novas, como identidade negra, e passam a falar sobre isso abertamente na escola. E o professor pode incentivar isso".
Segundo o professor da Diretoria de Ensino Leste 1, Lucimar Bízio, é exatamente esse caminho que pode ser seguido. "A publicação é uma vitória de nossa juventude, que torna o aluno um sujeito da escola. Isso proporciona algo atrativo, tal como transforma o espaço público educacional, um centro cultural", explica, o professor que é um dos personagens da publicação.
http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=c9ff935d0af47010000c5e9caf840bb5
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