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Sem medo nem vergonha de declamar


Publicado pelo O Estado de S.Paulo 26/08/2005

Casa na Rua Caiubi, em Perdizes, abriga toda última sexta de cada mês, como hoje, um sarau de poesias e cantorias

(Fernando Cassaro)
O Clube Caiubi de Artes (Rua Caiubi, 428, tel. 3872-6097) abriga, desde abril de 2003, em toda a última sexta-feira de cada mês, como hoje, a partir das 21 horas, o sarau Sopa de Letrinhas, espaço democrático onde todos podem expor suas idéias e criações sem ter medo de ser ridicularizado (ingressos a R$ 3 ou 1kg de alimento não perecível). Todos têm direito a dar opiniões, ler textos e, principalmente, inventar. Sem nem um pingo de pose intelectual, o clima meio anárquico, meio não-tô-nem-aí, é uma mistura de poetas ilustres, aspirantes a escritores, artistas mambembes, bichos-grilos remanescentes, curiosos, moçada e simples mortais.
A casa azul de dois andares, em Perdizes, é antiga. Com o segundo andar desocupado, a casa vizinha abandonada e uma bananeira na porta, o cenário contrasta com a região. Com 70 m2, tem espaço para 50 pessoas, mas recebe cerca de 120 nessas ocasiões. Bem, receber é modo de dizer, já que algumas dezenas de "caiubistas" - como gostam de ser chamados - ficam no pequeno pátio entre a casa e o muro que separa o terreno da rua.

Dentro do ambiente - dividido em três pequenas salas -, poucas luzes, algumas velas e uma pequena cozinha no fundo da casa. Nas mesas, o papo, em grande parte da noite, gira em torno de arte e cultura.

É nesse pequeno espaço enfumaçado que acontece o sarau de que todos podem participar. Mesmo que não saibam escrever poesias e apenas admirem a arte. O sarau funciona de maneira bem simples: sempre é escolhido um poeta a ser homenageado e textos de sua autoria são afixados em um mural, localizado logo na entrada do clube. Qualquer um pode ir até esse mural e retirar um desses poemas para ler em público, sobre um pequeno tablado que faz as vezes de palco. Se alguém tiver um texto de autoria própria, é bem-vindo também para a leitura. "A idéia é ser o mais interativo possível. A gente vem aqui pra se divertir", conta Vlado Lima, idealizador do Sopa de Letrinhas.

O ponto forte está no fato de o evento remeter às rodas boêmias do passado, onde um grupo de intelectuais ou aspirantes a isso se reuniam para discutir idéias e terminavam a noite, na maioria das vezes, alegres, bêbados e cheio de idéias na cabeça. "Talvez aqui seja o lugar onde o ego não vem", conta Zé Rodrix, o mesmo que pertenceu ao grupo Sá, Rodrix e Guarabyra que, agora, é patrono cultural do clube. "A única coisa que vem aqui é a amizade."

A estudante de Fisioterapia Caroline Romagnoli, de 22 anos, é uma das que entraram para a "família caiubi" recentemente, há cerca de um ano. No sarau do mês passado, ela leu um poema pela primeira vez. Chamado "No Divã", escrito por Nilton Bustamante, foi inspirado nela mesma. "Estávamos escrevendo uma música e, num momento, veio a idéia e eu fiz o poema", diz Bustamante. Ela já escrevia antes, mas, depois de começar a freqüentar o clube, aprimora-se a cada dia. Foi apresentada ao Caiubi há um ano, por um colega de cursinho. Desde então, não freqüenta outro lugar. "É aqui onde encontro pessoas diversas", fala Caroline.

E a casa tem até garçom, Marcos Moizés, mais conhecido como Marquito, que faz malabarismo para servir às mesas. "O pessoal fica ansioso para falar e beber", explica. Uma garota de 10 anos é a poeta-mirim do clube. Com papel em mãos, ora desenhando ora escrevendo, Juliana Vannucchi de Faria faz poesias há um ano. Ela gosta do contato com os mais velhos e costuma pedir aos pais para ser levada aos saraus. "Escrevo o que vem na minha cabeça", conta a menina poeta.

http://txt.estado.com.br/editorias/2005/08/26/cad025.html

O Estado de S.Paulo

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