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Racismo presente na literatura infanto-juvenil


Publicado pelo Aprendiz 04/10/2005

(Fernanda Murachovsky)
Pesquisa sobre a representação do negro na literatura infanto-juvenil mostra que o gênero ainda é carregado de preconceitos e racismo. Essa foi a conclusão de Andréia Lisboa, autora da tese pela Faculdade de Educação (FE-USP) e sub-coordenadora nacional dos fóruns estaduais, educação e diversidade étnico-racial do Ministério da Educação. O seu objetivo era fazer uma retrospectiva de sua trajetória e dos livros a que teve acesso desde sua infância, analisando-os de uma perspectiva antropológica e literária, à luz da mitologia afro-brasileira.

A pesquisadora e professora analisou 180 livros das décadas de 80 e 90, e percebeu que a representação dos personagens negros era de desprestígio social. Eles eram retratados geralmente como escravos ou em papéis de serviçais domésticos. Além disso, raramente tinham nome, família ou haviam estudado.

Numa segunda fase da pesquisa, ela selecionou quatro obras e realizou um exercício de leitura com alguns alunos de uma escola municipal em Jaguaré (SP). Por meio de um questionário, poesias e desenhos, ela percebeu que os alunos reproduziram os aspectos trazidos pelos livros que haviam lido.

Andréia acredita que a origem deste problema está na literatura adulta, que serve como referência para a infanto-juvenil e acaba por passar seu olhar machista, sexista e discriminatório. Monteiro Lobato, um importante autor de livros infantis, também se encontra dentro desta tendência, com personagens que repetem o estereótipo, como a Tia Nastácia, segundo a pesquisadora.

Além disso, o imaginário brasileiro do africano disseminado pelo processo de escravização, que atinge todas as classes sociais, também contribui para o problema.
"O grande erro dos escritores foi partir do escravismo para cá, como se não existissem comunidades negras antes disso", diz Andréia. Ela ainda salienta que no mercado editorial não há espaço para autores negros que tratem desta temática.

Uma maneira de lidar com o tema nas escolas é, num primeiro momento, sensibilizar o olhar dos professores. "O professor deve saber identificar a temática no livro, perceber que aquilo é preconceito e discriminação, e entender como isso aparece no discurso e nas imagens", aconselha. Depois, deve-se selecionar livros que tragam uma representação positiva do negro para fazer o contraponto, evidenciando-se as diferenças também da imagem do branco dentro das obras. Além disso, as secretarias de educação e o mercado editorial devem investir em livros que tragam a mitologia afro-brasileira, como prevê a lei 10.639 que obriga o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira nas escolas de Ensinos Fundamental e Médio.

De acordo com Suelaine Carneiro, coordenadora do Centro de Documentação e Pesquisa Lélia Gonzalez, do Geledés (Instituto da Mulher Negra), a lei é fruto de uma antiga reivindicação do movimento. "Com ela, a visibilidade dos negros na sociedade vai aumentar. Não só a imagem vai ter que ser representada, mas também a cultura negra como um todo. O negro vai ser visto de modo humano, e não caricato".

No mesmo da alteração à lei de diretrizes e bases, que busca mudar a política dos sistemas de ensino, o MEC lançou o edital do programa nacional do livro didático (PNLD de 2005), que introduziu critérios de qualificação e valorização da Cultura Afro-Brasileira, Indígena e da imagem da mulher. Avanços como este acontecem desde a década de 80, principalmente em função dos movimentos negros, que sempre questionaram o falso discurso da democracia racial no Brasil. Um exemplo é o site www.unidadenadiversidade.org.br, que trata especificamente das relações raciais e de gênero.

http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=b80cb3680af4701001e78c96aa5edfe7

Aprendiz

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