Publicado pelo Aprendiz 11/10/2005

(Karina Costa)
O modelo, seu uso correto e a manutenção da escova dental são cuidados importantes para se manter uma boa higiene bucal. Porém, segundo pesquisa realizada pela Clínica de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP/USP), as escovas dentais utilizadas pelas crianças não têm sido bem cuidadas. Numa amostragem da pesquisa feita com 60 crianças, entre 3 e 12 anos, atendidas pelo consultório, foi revelado que as escovas utilizadas não são adequadamente indicadas, armazenadas nem substituídas periodicamente como deveriam ser.

"Mais de 60% dos casos avaliados não estão de acordo com o que recomendamos na hora do atendimento. Essas crianças têm a oportunidade do nosso atendimento, agora, imagine só o resto da população. A situação deve estar pior," avalia a professora de odontopediatria da FORP/USP, Alexandra de Queiroz, que desenvolveu a pesquisa junto ao também professor Paulo Nelson Filho e o pós-graduando da universidade, Francisco Garcia de Paula.

Os pesquisadores avaliaram que 50,2% das escovas tinham o tamanho de cabeça inadequado à boca das crianças. As cerdas estavam deformadas em 61,82% dos casos e, pelo menos 5,38% dos pacientes estavam utilizando a mesma escova por mais de cinco meses. A sujeira estava visível a olho nu em 63,94% das escovas examinadas. Para completar, 48,14% das escovas tinham sido compradas de acordo com a acessibilidade de preço e não pelas características adequadas.

"As escovas de boa qualidade não têm preços acessíveis e, todas as disponíveis no mercado, não tem indicações básicas referentes à adequação da escova a faixa etária do usuário," comenta a professora. Além disso, as escovas de cabo decorado (geralmente com bichinhos, personagens infantis) não são recomendáveis. "Esse modelo atrai a criança, porém o formato do cabo é um grande aliado ao acúmulo de sujeiras", alerta.

Escovar os dentes para manter a higiene bucal não é o bastante se a escova não for adequadamente limpa e armazenada. As cerdas devem ser higienizadas pelo menos uma vez por dia com anti-sépticos ou enxaguantes bucais para evitar a recontaminação nos dentes. A escova deve ser guardada no armário para evitar o contato com bactérias presentes na pia e no vaso sanitário e para impedir a contaminação por insetos. A escova deve ser trocada a cada três meses, deve ter cerdas mais macias e cabo anatômico.

"O tamanho inadequado machuca a boca da criança e não alcança os dentes dos fundos para a limpeza. As cerdas deformadas machucam a gengiva e perdem a capacidade de limpeza, além dos riscos a saúde causados pela sujeira da escova mal cuidada," examina.

A especialista acredita que a maioria dos pais e dos filhos têm consciência destes cuidados, porém é preciso continuar reeducando-os continuamente para não serem influenciados pela aparência na hora de comprar a escova e para que estejam conscientes das conseqüências para a saúde.


A pesquisadora conta que os especialistas do consultório estão trabalhando num projeto de conscientização onde montaram uma aula sobre escovação dental para as crianças de Ribeirão Preto e região, atendidas no consultório. "Enquanto as crianças e seus pais esperam o atendimento, nós as abordamos de forma lúdica para conscientizá-las", explica. Os alunos de graduação e pós-graduação da faculdade também estão tendo estas aulas para disseminarem esses conhecimentos essenciais para uma higiene bucal correta.

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