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MIS expõe pioneiro da imagem publicitária


Publicado pela Folha Online 19/10/2005

Quando a fotografia publicitária começou a ser efetivamente praticada no Brasil, em 1949, ela tinha um estilo inventivo e romântico que denotava a época e o seu criador, o cearense Francisco Albuquerque (1917-2000). Imagens pioneiras, além de retratos e ensaios, podem ser vistos a partir de hoje na "Retrospectiva Chico Albuquerque" no MIS paulistano.

Filho de um bancário que tinha a fotografia e o cinema como hobbies, Chico Albuquerque, o primogênito de nove filhos de Adhemar Bezerra Albuquerque, estreou no cinema --um documentário sobre açudes-- aos 15 anos por recomendação do pai, que não pôde se desligar do banco para aceitar um convite de direção.

Seu Adhemar montou depois, em 1934, um estúdio fotográfico para Chico. Aos 17 anos, era um profissional da área, um dos poucos naquela época em Fortaleza. Em 1942, o cineasta Orson Welles foi ao seu estúdio e o contratou para fazer o still de "É Tudo Verdade", rodado em parte no Ceará.

O filme, porém, ficou inacabado. Segundo uma das versões, o cineasta teria recebido uma maldição de um pai-de-santo indignado pelo não-pagamento da sua participação no filme. Supersticioso, Welles nunca mais quis levar o filme adiante. As fotografias de Albuquerque desapareceram.

Seu filho, Ricardo Albuquerque, no entanto, conseguiu reencontrar algumas na Cinemateca Brasileira há pouco tempo. Parte delas está na mostra.

Albuquerque se mudou para o Rio em 1945 e, logo em seguida, para São Paulo, onde montou seu estúdio. Em 1949, foi convidado a fazer a primeira campanha publicitária para a Johnson & Johnson.

Até então, a publicidade era feita por ilustrações. As poucas fotos utilizadas em campanhas vinham do exterior. Pelos relatos deixados por Albuquerque, assim como ocorre hoje, raramente os fotógrafos tinham liberdade para criar nesse ramo. Ele recebia um layout elaborado por publicitários ou por um diretor de arte.

A falta de modelos num mercado que inexistia foi outro problema que Albuquerque resolveu colocando filhos e amigos para posarem em campanhas da Singer e Aero Willys, por exemplo.

Vista agora, a publicidade feita nos anos 50 nos leva a uma reflexão sobre os caminhos que a fotografia publicitária tomou. Nas fotos de Albuquerque, geralmente em preto-e-branco e sem retoques, as pessoas parecem de verdade, com imperfeições incorporadas. Há um enfoque mais na família do que na individualidade.

Na última campanha, realizada em 2000, ano de sua morte, para uma linha de lingerie, o corpo da mulher passa da sugestão sensual para a conotação sexual. A família desaparece e em seu lugar surge apenas o fragmento do corpo feminino, que já não parece ser real, mas uma criação espontânea da informática. Sinal dos tempos.

Além da publicidade, o trabalho de Albuquerque merece ser revisitado também pela qualidade de seus belos retratos em preto-e-branco, nos quais se destacam os da atriz Odete Lara, do artista Geraldo de Barros e da escritora Lygia Fagundes Telles, entre outros, nos quais ele demonstra total domínio dos jogos de contrastes e da direção de seus retratados.

Outro destaque é a bela série "Mucuripe", de 1952, feita durante férias no Ceará, na qual ele retratou jangadeiros. Está sendo exibida em Roquefort, na França.

A maior parte dos originais de Albuquerque foi doada para o MIS nos anos 80. Sem estrutura para preservar adequadamente cromos e negativos, uma parte importante desse material se deteriorou e outra está em situação precária. Seu filho, junto da direção do MIS, negocia para que o Instituto Moreira Salles faça a restauração do acervo. Medida mais que importante para o patrimônio visual do país.

Retrospectiva Chico Albuquerque - Museu da Imagem e do Som (av. Europa, 158, SP, tel. 0/xx/11/3062-9197). De ter. a dom., das 12h às 20h. Até 27 de novembro. Entrada franca

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u54431.shtml

Folha Online

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