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América Latina sem espaço na grande imprensa


Publicado pela Agência USP 07/11/2005

Dissertação de mestrado apresentada na ECA analisou o assunto com base em elementos históricos, sociológicos e jornalísticos. Autor do estudo é pessimista quanto a uma possível mudança de postura na grande mídia.

(Flávia Souza)
Se depender da grande imprensa brasileira, por muito tempo vamos desconhecer o que acontece na América Latina popular. Estudos na área de Jornalismo apontam que há um "deserto de informações" sobre o continente na grande mídia. Segundo o jornalista Alexandre Barbosa, a imprensa alternativa e os órgãos de comunicação dos movimentos sociais são os principais meios para a divulgação e a discussão de fatos que não se inserem na chamada "América Latina oficial".

Em sua pesquisa de mestrado, realizada na Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, Barbosa procurou uma explicação para essa ausência na grande imprensa. Para isso, buscou conciliar os argumentos sociológicos àqueles que são próprios do jornalismo. "Procurei cruzar as características do ambiente social e histórico com as do ambiente jornalístico", afirma.

De um lado, Barbosa encontrou uma matriz de pensamento que persiste há mais de 500 anos e que constitui os pressupostos da chamada grande mídia. De outro, os "óculos" dos jornalistas, que assumem a visão do veículo em que trabalham. "A grande imprensa está organicamente ligada à América Latina 'oficial', branca, europeizada e local de grandes cidades e centros comerciais. Ela exclui e criminaliza a América Latina 'popular', dos interiores, mestiça", afirma.

"A grande imprensa não se sente latino-americana. Quando aborda a dimensão popular, ela usa um tom depreciativo e reforça a condição de periferia, ou cai na cobertura do exótico, como fizeram os observadores europeus." A situação é a mesma quando se trata do interior brasileiro. "No caso da morte da freira Dorothy Stang, em fevereiro deste ano no Pará, a imprensa demorou para obter e publicar informações precisas", lembra. "Há poucos jornalistas cobrindo o interior do país."

Barbosa também aponta a "formação acadêmica insuficiente" dos cursos de jornalismo. Ele defende o aumento da carga de disciplinas teóricas e a inclusão de estudos e debates sobre a história da América Latina - uma bagagem intelectual que poderia influenciar a escolha profissional do jornalista.

Imprensa alternativa
Quanto a uma possível abertura da grande imprensa à América Latina popular, ao menos no curto prazo, Barbosa é pessimista. Os principais espaços disponíveis a ela seriam a chamada "imprensa alternativa" e os veículos de comunicação dos movimentos sociais. "Eles não se proclamam imparciais, ao contrário da grande mídia, que pretende falar a 'toda a população' e, falsamente, se diz imparcial. Há necessidade de novas visões jornalísticas."

Para que a imprensa alternativa cumpra esse papel, afirma o jornalista, é preciso que ela encontre novas formas de expansão e fontes de financiamento. "Os órgãos alternativos têm de disputar novos espaços, ir além do ambiente universitário e unir a qualidade de seu conteúdo a meios técnicos de comunicação avançados. E a própria América Latina popular precisa se fortalecer, com melhorias sociais." Em seu doutorado, Barbosa pretende investigar as possíveis saídas e soluções para esse quadro.

http://www.usp.br/agen/repgs/2005/pags/255.htm

Agência USP de Notícias

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