Creches ganham importância como formação |
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Publicado pelo O Estado de S.Paulo 05/12/2005 |
Fundamentais para o desenvolvimento dos menores de 3 anos, elas foram incluídas no projeto do Fundeb
(Renata Cafardo )
Apesar de às vezes ser difícil para os pais, deixar o bebê em berçário ou creche pode ser importante para o seu desenvolvimento. Estímulos como música, movimentos, cores e brincadeiras, além da socialização, são a base da educação infantil. A escola para crianças de até 3 anos deixou de ser significado só de cuidado ou assistência social há algum tempo. Na semana passada, o governo federal decidiu incluir a creche no projeto do Fundo de Educação para o Ensino Básico (Fundeb), que deve financiar o ensino público no País nos próximos anos.
Atualmente, há 1,4 milhão de crianças em creches no País. A maior parte está em estabelecimentos públicos e cerca de 500 mil estão nos berçários, como a unidade é chamada em escolas particulares. Esse total cresce a cada Censo Escolar, realizado pelo Ministério da Educação. Em 2002, era 1,1 milhão. Depois de uma origem social, cuja finalidade era cuidar dos filhos das mulheres trabalhadoras, a creche passou a ser encarada como educação a partir da Lei de Diretrizes e Bases (LDB), de 1996.
"Ela amplia o repertório de experiências da criança", diz a educadora da Universidade de São Paulo (USP) Silvia Colello. Nesse repertório está incluída também o que a especialista chama de "vivência da cultura escrita", que nada tem a ver com alfabetização precoce. São histórias lidas pela professora, receitas de bolo seguidas pelas crianças e outras atividades que ajudam no interesse e aprendizagem futura.
"Seja em casas de classe baixa ou alta, os pais nunca estão constantemente proporcionando experiências para os filhos. Na escola, sim", completa Silvia. Ao procurar a creche ou berçário, os educadores recomendam observar as instalações, os brinquedos e checar a formação dos profissionais (ver quadro). "Não é necessário nada sofisticado; há creches públicas que fazem brinquedos com peneira e fitas coloridas", afirma a especialista em educação infantil da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) Maria Angela Barbato Carneiro.
PARTICULARES
Com mensalidades que passam dos R$ 1 mil, os berçários atualmente oferecem profissionais como psicomotricista, musicista, pediatra em período integral e nutricionistas para elaborar um cardápio para cada criança. "Somos maníacos com higiene", completa a diretora do berçário Baby Oz, do Colégio Magno, Cláudia Tricate.
Lá, os uniformes dos funcionários, incluindo os sapatos, são lavados na escola e a areia onde as crianças brincam é esterilizada. Câmeras em vários locais permitem que os pais acompanhem os filhos no berçário - eles também recebem todo dia uma foto da criança no celular.
Também há câmeras no Colégio Magister e o berçário recebe bebês a partir dos 2 meses. Todas as suas funcionárias são pedagogas e há um adulto para cada três crianças. Na Escola Prima Montessori, não há berços. As crianças dormem no chão, em um piso de vinil acolchoado.
"É importante a liberdade para o nenê que está engatinhando. Ele acorda, pode sair sozinho, rolar", explica a diretora Edmara de Lima, que só contrata para o berçário funcionários que falem corretamente o português.
A Escola Internacional, que fica em Alphaville e abriu recentemente o berçário por insistência dos pais, oferece ensino bilíngüe desde os 10 meses de idade. As brincadeiras na horta ou no minizoológico são orientadas em inglês e em português.
A nutricionista Cristiane de Oliveira Lopes Hernandes pôs a filha Manuela com 3 meses no berçário Baby Oz. "O desenvolvimento dela é claro. Lá ela brinca, tem aula de música. Em casa, você não sabe bem o que fazer", fala. Mesmo depois que deixou de trabalhar, ela não tirou a filha da escola.
Para a educadora Silvia Colello, não há momento ou idade certa para pôr a criança pequena na creche. "Depende das necessidades e das possibilidades dos pais. Se a mãe puder ficar mais que os quatro meses de licença com o bebê, é claro que isso é muito bom também."
http://txt.estado.com.br/editorias/2005/12/05/ger010.html
O Estado de S.Paulo
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