Estréia mostra de Miró em São Paulo |
|
|
Publicado pelo Folha Online 09/12/2005 |
(MARY PERSIA)
As cores, os traços e o movimento da obra de Joan Miró (1893-1983) chegam a São Paulo em 206 obras que serão expostas a partir desta quinta-feira (8) na mostra gratuita !Mirabolante Miró, no Instituto Tomie Ohtake. Entre os trabalhos estão ilustrações para poemas e livros, como um escrito por João Cabral de Melo Neto.
Reprodução
"Chanteur des Rues II"
As obras, que incluem litografias e xilogravuras, vieram da Galeria Lelong, de Paris, guardiã de um grande acervo da obra gráfica de Miró. Os trabalhos foram expostos recentemente em Porto Alegre e já estão na capital paulista, aguardando a montagem do espaço concebido por Pedro Mendes da Rocha, cuja concepção busca interferir o mínimo possível no ambiente das obras.
Pintor, gravador e escultor, o catalão Miró teve uma vasta produção de gravuras, foco central da mostra. As 178 gravuras e 28 pôsteres que serão expostos enfocam a sua produção dos anos 60 até os anos 80 e trazem, como nas telas, a forte relação do catalão com as cores puras (vermelho, azul, amarelo) e o movimento, marcado pelos traço negro em companhia da cor.
Reprodução
"La Môme Crevette"
"A cor é protagonista na obra de Miró, assim como a linha", assinala o curador da mostra no Brasil, Fábio Magalhães, ex-curador-chefe do Masp e secretário-adjunto da Cultura do Estado de São Paulo --a curadoria da seleção ficou a cargo de Jean de Frémon, crítico e diretor da Galeria Lelong.
"Miró criou um léxico visual de identidade única", complementa Magalhães. "Sua obra é um constante movimento, um cosmos em formação. Quando você vê uma linha e um ponto, parece que a linha tirou o ponto para dançar."
Ilustrações
Metade da mostra dedica-se a ilustrações do catalão para poemas, especialmente surrealistas. Jacques Prévert e René Char, entre vários outros, tiveram seus escritos ilustrados pelo catalão.
AP
Miró ilustrou diversos poemas
"Pode-se dizer que ele mesmo era um poeta. Não fazia simples ilustrações. Criava, a partir de uma postura muito livre, obras abstratas", considera Magalhães."É como se o poeta tivesse um Schubert ao seu lado fazendo música durante o Romantismo."
De uma coleção brasileira vem um livro escrito por João Cabral de Melo Neto sobre a obra de Miró, ilustrado pelo próprio artista. Os dois foram bastante próximos quando Melo Neto foi cônsul do Brasil em Barcelona, na década de 60, época em que a Espanha vivia a ditadura franquista e os artistas viam no consulado brasileiro um território livre.
A exposição, concebida pelo Santander Cultural, traz também informações sobre as técnicas e materiais utilizados pelo artista, como metal, madeira e pedra. Um vídeo com Miró pintando e imprimindo gravuras marca a "presença virtual" do catalão na mostra.
!Mirabolante Miró
Quando: 8 de dezembro a 6 de fevereiro. Terça a domingo, das 11h às 20h
Onde: Instituto Tomie Ohtake (av. Faria Lima, 201, Pinheiros)
Quanto: grátis
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/ult90u55812.shtml
Folha Online
Para mais informações clique em AJUDA no menu.
|