Projeto diminui taxa de evasão ao ouvir os alunos |
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Publicado pelo Aprendiz 09/01/2006 |
(Fernanda Murachovsky )
O projeto de alfabetização Rede Cidadã Trinacional, desenvolvido pelo Parque Tecnológico Itaipu em Foz do Iguaçu além de outros municípios da região, conseguiu reduzir as taxas de evasão para 2,34% (a nacional é de 35%). O curso iniciou suas atividades com 1099 alunos e terminou com 1163 - pela primeira vez foi registrado um índice de adesão de 5,82%. A ação anti-evasão se deu pelo levantamento das necessidades dos estudantes e dos motivos pelos quais eles deixavam de estudar.
De acordo com Jesse James Schmidt, assistente de coordenação do projeto, o principal motivo que contribui para a desistência é a mudança de cidade e, em muitos casos, a mudança de endereço. "Ou a escola vai até eles ou eles desistem do curso", diz. Para isso, as 192 turmas do projeto estão distribuídas em 175 locais diferentes, como igrejas, associações de bairro e até cadeias, onde o projeto teve uma turma este ano, com pretensão de aumentar para dois o número de classes. "Nós conseguimos resolver muitos dos problemas, menos o ciúme dos maridos, que muitas vezes não querem que suas mulheres estudem", diz.
O projeto existe desde 2004, e somente no ano de 2005 alfabetizou 3.750 pessoas. A esse número, somam-se outras 750 dos municípios vizinhos. Mensalmente, o projeto gasta cerca de trinta reais por aluno, contabilizando R$ 329,60 por ano -número baixo se comparado aos custos brasileiros.
Schmidt acredita que o grande problema de projetos como este no Brasil é a falta de pagamento dos professores. "Aqui todo professor recebe em dia, essa é uma obrigação da entidade. Se a remuneração não é feita, ele fica desmotivado". Além disso, garantir um local com condições para estudo e o material necessário logo no primeiro dia de aula são fatores altamente importantes para que o aluno continue no programa.
O Rede Cidadã Trinacional conta com nove entidades parceiras, cada uma contribuindo com algo diferente. "Antes, cada entidade atuava de maneira separada, e por isso, muitas coisas faltavam. Nós integramos essas parcerias para que cada uma delas desenvolvesse um aspecto diferente, para potencializar o trabalho".
A verba vem do governo do Paraná pelo projeto Brasil Alfabetizado, os materiais são cedidos pela Fundação Banco do Brasil e o Rotary Club fornece os óculos, objeto de que muitos dos alunos precisam em função da idade, que varia em torno de 47 anos. A creche, necessária para as mães com filhos, é mantida pelo Parque, que também é responsável por parte dos materiais e pelo pagamento dos coordenadores e de alguns professores.
A meta para o ano de 2010 é a de reduzir para 2% a taxa de analfabetos do estado, que hoje é de 8,5%, o equivalente a 21 mil pessoas, somente na cidade de Foz do Iguaçu. Existem ainda, portanto, 15 mil analfabetos. Para isso, Schmidt acredita que é preciso sensibilizar e encorajar aqueles que não tem interesse em participar. "Muitos deles passaram a vida toda analfabetos, e não têm pretensões de mudar. Nós temos que explicar que não custa nada, só tempo", finaliza.
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