Liberdade de imprensa tem pior quadro em dez anos |
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Publicado pelo Aprendiz 17/01/2006 |
(Cássia Gisele Ribeiro )
Relatório lançado pela organização internacional Repórteres sem Fronteiras mostra que o ano de 2005 foi o pior para a imprensa mundial na última década. Realizado em 167 países, o documento contabiliza 63 jornalistas e cinco colaboradores mortos no período no exercício da função. A pesquisa é baseada em um questionário de 50 perguntas sobre o panorama da liberdade de imprensa, respondido nos países participantes.
"Os jornalistas são, muitas vezes, defensores dos direitos humanos. Cada vez que um deles morre ou sofre por exercer esse papel, a garantia dos direitos humanos de todos os cidadãos está sendo ameaçada ", afirma Romeu Omar Klinch, Secretário-Geral do Movimento Nacional de Direitos Humanos do Brasil.
"No Brasil, a liberdade de expressão é um dos principais direitos civis e políticos do cidadão, previstos pela Constituição. No entanto, ainda há casos de profissionais que sofrem ameaças por exercer esse papel", explica.
Nas melhores posições do ranking, estão os países escandinavos, liderados pela Dinamarca. No continente americano, o destaque é para Trinidad e Tobago, que aparece em 12º lugar no ranking, ao lado de Hungria, Nova Zelândia e Suécia. O Brasil está em 63º, tendo subido três posições em relação à pesquisa anterior. Da América do Sul, a Bolívia é a mais bem colocada, ocupando a 45ª posição. A Colômbia, que nas edições anteriores ocupara o último lugar entre os países latino-americanos em 128º, deu a vez ao México (135º).
Segundo a RSF, Turcomenistão, Eritréia e Coréia do Norte, os três últimos no ranking, respectivamente, são países onde não há imprensa privada e a liberdade de expressão não existe, porque os meios de comunicação oficiais reproduzem apenas propaganda de seus governos e qualquer desvio dessa condição pode render uma severa punição ao jornalista.
No entanto, a Ásia Oriental e Central e o Oriente Médio são os países onde é mais difícil exercer a liberdade de imprensa, segundo o relatório, seja pela repressão das autoridades ou pela violência exercida pelos grupos armados, que impedem os meios de comunicação de se expressar livremente. O Iraque apresenta o quadro mais crítico, onde mais de 20 jornalistas foram mortos desde o começo de 2005. Desde o início do último conflito, em março de 2003, 72 profissionais e colaboradores de meios de comunicação foram mortos no país.
Segundo o relatório, a liberdade de imprensa piora nos estados que fazem fronteira com os EUA, como México onde um jornalista foi assassinado numa região dominada pelo narcotráfico e as rádios e TVs são alvos constantes de atos de sabotagem. Sete jornalistas tiveram que abandonar suas cidades, ou mesmo o país, desde o começo de 2005.
Os Estados Unidos (44º) caíram 20 posições. O motivo principal foi a prisão da repórter Judith Miller, do New York Times, além de outras medidas judiciais que puseram em risco o anonimato das fontes. O Canadá também perdeu posições pela mesma razão, ao tomar decisões que pretendiam transformar jornalistas em auxiliares da Justiça.
O relatório mostra que a classificação rebate a teoria de alguns líderes de países pobres, que apontam o desenvolvimento econômico como condição prévia indispensável para a democratização e o respeito aos direitos humanos. Mesmo que os países ricos ocupem o topo da lista, estão entre as 60 primeiras colocadas nações como Benin (25º), Mali (37º), Bolívia (45º), Moçambique (49º), Mongólia (53º), Nigéria (57º) e Timor Leste (58º), cujos Produto Interno Bruto (PIBs), em 2003, não ultrapassavam os US$ 1 mil por habitante
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