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Livro didático foi maior preocupação do Governo


Publicado pela Agência USP 27/01/2006

(Marina Almeida)
"Muitas vezes as pessoas lêem, mas não o que consideramos importante culturalmente. Primeiro seria necessário definir o que se espera que o povo leia"

As políticas públicas para a leitura no Brasil foram mais evidentes nos períodos autoritários de nossa história. Tanto no período do regime militar quanto na Era Vargas a preocupação com esta questão foi mais visível nas legislações e ações tomadas. "Ao contrário da democracia, em que diversos grupos disputam espaço e políticas, os interesses dessas épocas são centralizados, o que facilita a existência de medidas nesse sentido", explica a socióloga Adriana Thomazotti, que analisou as legislações a respeito das políticas para leitura, desde 1930 até 1995. A pesquisa de doutorado foi apresentada na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da USP.

Dentro da literatura infantil, embora tenha havido pouca legislação específica para essa área, a grande preocupação foi o livro didático. O Brasil passava por um processo de modernização e a necessidade de mão-de-obra escolarizada fazia com que essas políticas fossem prioridades. Hoje, apesar de os livros infantis serem uma das faixas mais fortes do mercado editorial, isso não é, necessariamente, fruto do incentivo de políticas públicas. Segundo Adriana, as editoras que produzem esse tipo de livro são, muitas vezes, as mesmas que produzem o material didático comprado pelo governo.

No período Vargas, quando há uma preocupação mais evidente com o desenvolvimento, é criado o Instituto Nacional do Livro e surge um grande número de bibliotecas no País. Na década de 1930 também há uma grande valorização da identidade nacional, seguindo uma tendência dos modernistas, e não há espaço para os regionalismos. A cartilha Caminho Suave surgiu nessa época e é um exemplo de livro que foi usado, durante muito tempo, para alfabetizar crianças de todo o Brasil, independentemente da realidade cultural e social da criança. Depois de 1945 a preocupação persiste, mas as práticas são menos evidentes, "os diferentes governos tornam as políticas mais instáveis", explica a pesquisadora.

A partir do golpe de 1964, novamente, o governo passa a intervir mais. Há também uma preocupação grande com a qualidade dos livros, "o que não significa, necessariamente, que as ações tenham sido efetivas neste sentido", afirma Adriana. Segundo ela, é a partir da década de 1980 que ocorre uma maior diferenciação entre os livros das bibliotecas, abrindo mais espaço para a tendência de valorização de obras regionais. Também surgem as parcerias com a iniciativa privada, como o Programa Sala de Leitura e o Círculo do Livro. "A partir de 1985 os Ministérios da Educação e da Cultura se separam, o que dificulta ações voltadas para a leitura, que envolvem os dois", argumenta a pesquisadora. O incentivo aos livros didáticos, entretanto, é uma política que se mantêm em todo o período estudado.

A pesquisadora ressalta que existe uma preocupação com a leitura no Brasil e que o povo tem consciência dessa importância. O que não está bem definido, segundo ela, é o que se pretende formar com isso. "Muitas vezes as pessoas lêem, mas não o que consideramos importante culturalmente. Primeiro seria necessário definir o que se espera que o povo leia". Outra preocupação que deve ser colocada é como formar um bom leitor, não apenas funcional, mas que seja capaz de interagir com o que lhe é apresentado. Para que isso ocorra é necessário o acesso a outras linguagens, sem se restringir ao universo literário, mas também ao cinema, à música, aos bons programas de TV, ao teatro, ao lazer, etc. "Desse modo, a criança pode desenvolver tanto capacidades instrumentais quanto uma maior compreensão do mundo".

http://www.usp.br/agen/repgs/2006/pags/009.htm

Agência USP

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