Publicado pelo Aprendiz 24/02/2006

(Karina Costa)
Promover o hábito da leitura e proporcionar competências para a escrita a alunos de escolas públicas do país. Este é o objetivo dos projetos Círculo de Leitura e Escrevendo o Futuro que, assim como diversos outros de organizações não-governamentais, bibliotecas públicas e privadas, governo e de outras entidades realizam atividades para estímulo da leitura.

O Círculo de Leitura propõe aos alunos do ensino médio uma roda de leitura, literalmente. Grupos de 10 a 15 jovens ganham um livro, geralmente um clássico literário, para participar de uma roda. Com o livro em mãos, eles se alternam lendo em voz alta e parando periodicamente para discutir sobre o significado dos trechos lidos. Mais do que ter referências teóricas e históricas da obra, o projeto visa incentivar a prática da leitura e da contação de histórias. Além disso, propõe que os alunos reflitam sobre os temas dos livros, relacione-os com suas próprias vidas e promovam debates sobre as obras no cotidiano da sala de aula.

"Não queremos ser intrusos, nem tomar o lugar dos professores na escola. O que procuramos é uma integração com eles para o desenvolvimento dos alunos," defende o educador Reni Adriano Batista que já aplicou o projeto em escolas de Diadema (SP) e, atualmente é executado em 24 escolas públicas de São Bernardo do Campo (SP).

Atividades de escrita também são realizadas periodicamente para que o aluno reflita e escreva sobre o que foi lido e discutido em grupo. Sendo assim, os alunos desenvolvem a linguagem oral e seu vocabulário bem como habilidades de reflexão, argumentação, compreensão de texto além da escrita. "O projeto tem de fato despertado e estimulado os adolescentes a lerem mais. Percebemos que, em seis meses, os alunos dão um salto em leitura e evoluem na escrita e análise de textos," revela Batista, acrescentando que as atividades são, em sua maioria, coordenadas por jovens que passaram pelo Círculo de Leitura e hoje tem o projeto como um trabalho remunerado.

O Escrevendo o Futuro, projeto da Fundação Itaú Social, usa a estratégia de premiação como forma de mobilização da sociedade para a importância deste tema. Primeiramente, o programa, que atende alunos de 4 ª e 5ª séries do ensino fundamental e seus professores, divide suas atividades em anos ímpares e pares. Nos anos ímpares, a instituição se concentra no trabalho de formação presencial e a distância dos professores envolvidos no programa. Nos anos pares, são oferecidas aos alunos oficinas de leitura, aperfeiçoamento do processo de elaboração de textos e atividades extra-classe, como entrevistas com membros da comunidade. Depois do processo de formação, todos podem participar do prêmio Escrevendo o Futuro.

"Em sintonia com um dos nossos principais objetivos, que é contribuir para a qualidade da escola pública brasileira, pensamos numa forma de intervir positivamente na realidade da educação do país. Mas é importante destacar que este programa ultrapassa o caráter usual de um concurso, sendo um Programa de Formação Continuada de Educadores," afirma Isabel Santana, coordenadora de projetos da Fundação Itaú Social.

No final, todos ganham participando do programa. Os estudantes vencedores recebem bolsas de estudos, que vão custear seu ensino superior. Já os professores ganham bolsas para custeio de cursos extracurriculares e verba para aquisição de livros. As escolas, por sua vez, recebem apoio para a criação ou ampliação de suas bibliotecas e computadores para compor uma sala de informática.

"Além disso, constatamos que os professores ampliaram seu repertório de práticas de ensino da leitura e escrita e, em relação aos alunos, vemos que há uma produção de textos de melhor qualidade após realizarem as oficinas," conta Isabel.
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