Nos bancos escolares, o desafio do crescimento |
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Publicado pelo Aprendiz 21/03/2006 |
O Brasil está em segundo lugar em gasto em educação em proporção ao PIB entre os principais países emergentes que estarão entre as potências globais até meados do século. Está à frente da Rússia e da China e quase encostando na Índia, segundo um relatório da Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento (Unctad) divulgado em 2005. O Brasil destina atualmente 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB) à educação.
Em tempos de globalização, a oferta de profissionais qualificados se constitui em um dos mais valiosos ativos para atrair investimentos e criar empregos, lembra José Pastore, professor da Faculdade de Administração e Economia da USP. Especialista em relações de trabalho, ele explica que, nos últimos dez anos, a Índia se transformou num dos maiores pólos de atração para a terceirização de mão-de-obra por causa da abundância de pessoal especializado, com domínio da língua inglesa e baixos salários. O professor lamenta que o Brasil esteja perdendo essa corrida porque os investimentos em pesquisa são pequenos e ainda existem problemas educacionais em todos os níveis.
Apesar dos gastos crescentes em educação, o índice de analfabetismo ainda é elevado. Na opinião do economista Rubens Ricupero, ex-secretário da Unctad e ex-ministro da Fazenda, isso é um alerta para o fato de que a educação deve ser analisada não só pelo aspecto quantitativo, mas especialmente pelo qualitativo. "Gastar mais não significa melhor desempenho." Segundo ele, como o Brasil conquistou a universalização do ensino fundamental, o próximo passo deve ser a qualidade.
Para Ricupero, a China apresenta melhor situação entre os grandes emergentes, tanto na cobertura do ensino básico quanto na especialização nas áreas científica e tecnológica. Já a Índia aprimorou a formação em tecnologia, especialmente informática, e tem até exportado profissionais PhDs para os Estados Unidos. Mesmo assim, ainda tem uma massa enorme de excluídos. Com a economia deteriorada pelas últimas crises, a Rússia apresenta o pior desempenho entre os grandes emergentes.
No Brasil, a educação avançou a partir da década de 90. Uma das conquistas mais importantes foi o acesso à educação básica. Quase todas as crianças em idade escolar obrigatória (7 a 14 anos) estão freqüentando a escola, exatamente 97,2%, segundo a Síntese de Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), um retrato do país em 2003, a mais recente pesquisa. Em 1993, o porcentual era de 88%. O mesmo levantamento mostra que a escolarização dos jovens de 15 a 17 anos aumentou cerca de 33% em 10 anos, atingindo 82,4%.
Outro ponto positivo na educação é que a taxa de analfabetismo de pessoas com 15 anos ou mais de idade, ainda em patamar muito elevado, caiu quase 30% entre 1993 e 2003, de acordo com o IBGE. A taxa de analfabetismo no país é de 11,6%, isto é, há cerca de 16 milhões de pessoas que não sabem ler escrever. O número absoluto também está apresentando queda nos últimos anos. Em 1980, a taxa era de 25,9%, representando 19,3 milhões analfabetos. No começo dos anos 90, a taxa era de 19,7%, ou 18,5 milhões de analfabetos.
No entanto, o próprio conceito de analfabetismo sofreu alterações ao longo do tempo. Cada vez mais, no mundo globalizado, está sendo utilizado o conceito de analfabetismo funcional, que inclui pessoas com 15 anos ou mais de idade com menos de 4 anos de estudo concluídos. Por esse critério, recentemente também adotado pelo IBGE, o número de analfabetos no Brasil sobe para cerca de 30 milhões de pessoas (a taxa de analfabetismo funcional é 24,8%, dado mais recente de 2003 do IBGE), mas também apresenta declínio, porque em 1996 era de 32,6% e em 2000, de 27,3%.
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O Estado de S.Paulo
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