Brasileiro joga, corre e nada, mas não na escola |
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Publicado pelo Aprendiz 28/03/2006 |
Se não faltam eventos esportivos patrocinados por prefeituras no Brasil, como mostra pesquisa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), eles estão bem longe das escolas públicas. O levantamento, com base em dados de 2003 e feito em convênio com o Ministério do Esporte (que gastou R$ 1,5 milhão nele), esquadrinhou os gastos dos municípios de toda a nação com o esporte.
Quase 94% das cidades do país promovem competições. Mas, ao contrário do que acontece nos EUA, maior potência esportiva do planeta, esporte não casa com escola no Brasil.
Só 12% dos colégios públicos do país no ensino básico, que é hoje municipalizado, contam com instalações esportivas (quadras ou piscinas). Nas áreas rurais, esse índice não passa de 2,5%. Em Estados mais pobres, a situação também é precária. No Maranhão e no Acre, menos de 2% das escolas contam com uma quadra descoberta.
Unidade mais rica da Federação, São Paulo têm instalações esportivas em 35% das escolas municipais - na capital, algumas instalações são tão precárias que os alunos têm aulas em prédios improvisados, como aquele em que as salas estão localizadas sobre uma padaria e seu forno.
Mas esse não é o único item que indica a pouca importância das escolas nos investimentos no setor. A pesquisa do IBGE deixa claro que o patrocínio municipal para equipes já formadas é mais importante para os prefeitos que a descoberta de novos talentos.
Entre as cidades que investem no esporte de alto rendimento, 78% fazem isso organizando eventos e 65% patrocinando equipes. Já o item "detectação de talentos" recebe investimentos de apenas 25% dos municípios. A associação com universidades públicas também é um fato raro. Só 4% das cidades brasileiras tinham em 2003 convênios com instituições estatais de ensino superior. Por outro lado, 25,6% das localidades brasileiras assinaram acordos com empresas privadas.
Muitos dos garotos e garotas que freqüentam as escolas públicas do ensino básico, principalmente nas cidades menores, não contam com assistência especializada para a prática de esporte. De acordo com a pesquisa do IBGE, só 35,5% do pessoal que trabalha nas prefeituras na área técnica com o esporte são professores de educação física nos municípios com até 5.000 habitantes.
Já os "não graduados" ocupam 55,1% desses empregos.
Nas cidades grandes - com mais de 500 mil moradores, a situação melhora, mas ainda assim muitos recebem instruções de gente sem a qualificação ideal. Nessas localidades, 16% dos trabalhadores das prefeituras na área técnica do esporte não têm graduação alguma. Outro número miúdo aparece no quadro de despesas com trabalhadores que o esporte ocupa nas prefeituras. Em 2003, só 1,4% (64.686 pessoas) do pessoal ocupado trabalhava com esporte. Quase metade desse contingente estava no Sudeste, e apenas 4,7% na região Norte.
"Esses números mostram que os municípios ainda não estão utilizando o esporte como política pública para ajudar a diminuir a desigualdade, ocupar o tempo livres das crianças", disse Agnelo Queiroz, o ministro do Esporte, que está deixando o cargo para se candidatar ao governo do DF. Só que a administração que ele representa gasta com esporte ainda menos que os municípios.
Segundo Agnelo, seu órgão gastou R$ 414 milhões no ano passado, o que dá pouco mais de 0,1% da previsão de gastos do governo federal no período.
O levantamento ainda escancara a predominância do futebol no Brasil. O país tem 1.639 estádios de futebol e só 139 complexos aquáticos. Para a prática amadora, os campos de futebol (74,8%) são as mais freqüentes instalações esportivas em municípios. As quadras, um dos investimentos preferidos dos políticos, ficam em segundo, com 66,2% das cidades.
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Folha de S.Paulo
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