Ao invés de dar o peixe, projeto ensina a pescar |
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Publicado pelo Aprendiz 31/03/2006 |
(Alan Meguerditchian)
Possibilitar o crescimento profissional de jovens, de duas das mais carentes comunidades da região metropolitana do Recife (PE), por meio de um negócio gerido por eles próprios. Esse foi o resultado do Projeto In'Formar, que implementou duas agências que prestam serviços de comunicação apenas com a mão-de-obra das comunidades de Peixinhos, em Olinda, e de Pilar, em Recife.
Tais escolhas foram feitas diante da realidade vivida por essas comunidades. A de Pilar, por exemplo, não oferece opções de lazer e cultura e, na única escola do lugar - Escola Municipal Nossa Senhora do Pilar - só existem turmas de primeira à quarta séries. Enquanto isso, Peixinhos apresenta um dos menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) da região.
Toda essa história começou em 2004, quando 150 jovens, de 14 a 24 anos, finalizaram um eclético curso de capacitação profissional que envolvia as áreas de comunicação, informática, fotografia. Inicialmente, eles trabalhariam, depois de concluído o curso, em uma agência que produziria apenas notícias promovendo a cultura local. No meio deste processo, notou-se que a demanda pelo tipo de trabalho realizado por eles era muito maior do que a esperada.
"Os clientes aparecem sem muito esforço. Nessa semana mesmo, cinco serviços surgiram na agência de Peixinhos sem a necessidade de divulgação", diz Nazaré Fonseca, coordenadora do projeto.
Diante desse mercado acolhedor, cerca de 30 adolescentes da comunidade de Pilar põem em prática tudo o que aprenderam no curso e gerenciam a agência, auxiliados por quatro consultores. "A diminuição do número de participantes foi um processo natural. Alguns foram cumprir suas obrigações militares, outros tiveram que mudar de cidade ou ainda não se adaptaram", explica Fonseca.
Dessa maneira, a agência se mantém, há mais ou menos um ano, com cerca de 20 clientes, que contratam serviços como fotografia ou documentários em vídeo. A renda gerada é revertida para a manutenção da agência e os jovens recebem por volta de R$ 100 por trabalho. Segundo a coordenadora, a renda da maioria das famílias da região é igual, ou até mesmo inferior, ao valor recebido pelos jovens.
"Com esse dinheiro, grande parte dos jovens acaba sustentando a sua casa que, em alguns casos, é a casa da qual eles próprios são os chefes, pois já têm filho e mulher para sustentar", completa Fonseca.
Consolidada, a agência segue para se formalizar como associação. Isso quer dizer que terá regimento interno e estatuto, já aprovados pelos seus integrantes, além de registra-se, tendo assim a inscrição formal de pessoa jurídica, o CNPJ. "Tudo foi decidido em votação entre os jovens e agora a agência é como se fosse deles", diz Fonseca.
A agência de Peixinhos funciona há dois meses e caminha pelos mesmos bons passos.
O êxito do projeto anima Fonseca para uma nova empreitada. "Existe o plano para iniciar um novo curso de capacitação, mas ainda existe a dificuldade de encontrar os financiadores", diz. A primeira turma teve o apoio de cerca de quatro financiadores, entre eles o Banco Mundial que contribuiu com cerca de US$ 150 mil.
http://aprendiz.uol.com.br/content.view.action?uuid=41df5db80af470100140984b6dd205a0
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