Superdotados têm problemas na escola |
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Publicado pelo Aprendiz 03/04/2006 |
(Cassia Gisele Ribeiro)
Quando se fala em inclusão de alunos com necessidades especiais, a tendência é pensar somente em crianças com alguma deficiência. No entanto, alunos com outras singularidades também precisam de atenção especial. Foi pensando nisso que a Secretaria de Educação Especial (Seesp), do ministério da Educação, decidiu implementar núcleos de atividades de altas habilidades que vão atender alunos superdotados nas escolas públicas do país.
"O objetivo dos núcleos é atender alunos com altas habilidades e promover a formação de professores para identificação e atendimento desses estudantes", afirma Renata Rodrigues Maia-Pinto, analista de planejamento e gestão educacional da Seesp. Os núcleos são divididos em três áreas: atendimento à criança, atendimento à família e atendimento ao professor.
Além de oferecer cursos de capacitação de professores, o projeto atua na criação de salas de recursos para crianças superdotadas dentro das escolas regulares. "A idéia é que educadores especializados visitem as escolas, orientem os professores para o trabalho de identificação e encaminhamento dos alunos", explica. Anualmente, a secretaria já aplica o curso Superdotação no Contexto Escolar, com carga horária de 80 horas, destinado a professores do ensino regular.
Para ser considerada superdotada, a criança deve passar por uma avaliação multidisciplinar, que identifica se ela tem habilidade acima do considerado "normal" em uma ou mais áreas de conhecimento (acadêmica, corporal ou criativa/artística). A superdotação deveria ser identificada primeiramente na escola, no entanto, muitas vezes isso não acontece.
"Não é tão fácil quanto parece identificar uma criança com altas habilidades, pois ela normalmente tem problemas na escola, como falta de interesse, agressividade, arrogância, impaciência, hiperatividade e excesso de auto-crítica", explica. "Justamente por isso, a capacitação de professores é tão essencial, pois permite quebrar o mito de que o aluno superdotado é aquele que presta atenção em todas as aulas e que só têm notas altas".
Para a pedagoga Ada Cristina Toscanini, uma das fundadoras da Associação Paulista para Altas Habilidades/Superdotação, isso costuma acontecer porque os alunos superdotados ficam impacientes quando o professor levanta questões que ele já conhece. "Os alunos com altas habilidades são os que mais apresentam chances de evasão", alerta. Em sua opinião, o modelo massivo das escolas, que parte do princípio que as crianças de determinada faixa etária têm a mesma bagagem de conhecimento, é o grande responsável pela evasão escolar.
A associação atua diretamente com os alunos e oferece capacitação para professores. Além disso, a entidade tem como objetivo cobrar do governo políticas públicas que dêem conta de atender essa demanda. "No momento, estamos cobrando do governo uma unidade do Seesp em São Paulo, pois sabemos que, ao contrário do que eles alegam, há público precisando do atendimento", afirma.
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