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Brincadeira sem graça


Publicado pelo Aprendiz 25/04/2006

(Alan Meguerditchian)
Uma pesquisa que envolveu cerca de seis mil estudantes de escolas cariocas, de quinta a oitava séries, revelou que 40,5% deles já estiveram envolvidos em atos de bullying. O termo bullying "compreende todas as formas de atitudes agressivas, intencionais e repetidas, que ocorrem sem motivação evidente, adotadas por um ou mais estudantes contra outro(s), causando dor e angústia, e executadas dentro de uma relação desigual de poder".

A investigação, realizada pela Associação Brasileira Multiprofissional
de Proteção à Infância e à Adolescência (Abrapia - www.bullying.com.br) no ano passado, é uma iniciativa de estudo de um assunto ainda muito pouco conhecido tanto dos familiares e educadores quanto dos agentes públicos envolvidos com educação. "Os estudos sobre bullying são relativamente novos no Brasil. Ainda prevalece a idéia de que atos repetitivos de violência entre os alunos não passam de brincadeiras", revela Aramis Lopes, coordenador da pesquisa e um dos fundadores da Abrapia.

O conceito de bullying engloba situações em que atitudes violentas ocorrem repetidas vezes entre pessoas consideradas iguais, como os estudantes. Tais ações podem ser agressões físicas, morais, ou mesmo isolamento e exclusão. A pesquisa se restringiu ao ambiente escolar, mas o conceito pode ser transferido para um ambiente de trabalho, por exemplo.

Nos colégios cariocas, o estudo identificou que a falta de conhecimento acarreta problemas no combate das ditas brincadeiras violentas. "Muitas vezes os professores não identificam o problema e, por isso, não conseguem resolvê-los", esclarece o pesquisador.

Para romper com a idéia estabelecida pelo senso comum e tentar amenizar o problema, uma estratégia coletiva, que envolvia alunos, educadores e familiares, foi trabalhada nos colégios onde o estudo ocorreu. Para isso, foram adotadas atividades práticas para divulgar o conceito, como debates e dramatizações.

Ao final do ano em que ocorreu a pesquisa, o índice de conhecimento subiu para cerca de 80% e ocorreu uma diminuição de cerca de 30% nos casos de bullying. "Diante da distinção do que é ou não brincadeira, reações como o silêncio e a tolerância, comuns diante de atitudes violentas, passaram a não fazer parte do cotidiano dessas escolas. Os agressores passaram a ser identificados e o problema diminuiu", explica Lopes.

Para não reproduzir o ciclo que violência, punindo de forma inadequada o antigo agressor, foi necessário reintegrar a criança a um ambiente mais saudável. Foram criados grupos de apoio para impedir a marginalização do jovem. "Um caso interessante foi de um garoto muito violento que foi colocado para apitar os jogos de futebol de seus colegas. A adaptação do jovem à atividade foi transformadora. Ele se deu muito bem com a possibilidade de trabalhar como disciplinador, o que o tornou mais cooperativo, o que foi reconhecido pelos seus colegas", exemplifica.

Tanto agressores quanto agredidos sofrem com um mesmo problema: as experiências familiares que produzem a violência ou a passividade. Segundo Lopes, os primeiros normalmente têm um histórico de violência na família, como pais que exageram na repressão, o que é reproduzido pelas crianças. Além disso, muitos lidam com famílias desestruturas, que não produzem uma relação de afetividade positiva, que inibiria a violência. Por fim, alguns dos agressores não têm limites impostos em casa, o que também é levado para o convívio social.

Enquanto isso, do outro lado, os alvos podem desenvolver a passividade diante da ação protetora de suas famílias. Além disso, ações infantis, dependendo da idade, produzem uma rejeição natural do grupo.

Para Lopes, intervenções como as ocorridas nos colégios cariocas são de extrema importância para interromper um ciclo vicioso de violência. Segundo o pesquisador, um pai violento, pode educar um filho violento, que pressiona outra criança que no futuro também terá filhos e encontrará dificuldades para educá-los.
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Aprendiz

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