Paraná terá método cubano de alfabetização |
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Publicado pelo Folha de S.Paulo 12/05/2006 |
Estado vai experimentar modelo, aplicado com sucesso na Venezuela e em testes no Piauí, que associa números a letras
(MARI TORTATO)
A Secretaria da Educação do Paraná depende só do sinal verde do MEC (Ministério da Educação) para iniciar turmas de alfabetização de adultos por meio de um método cubano também aplicado na Venezuela.
O modelo sustenta o aprendizado na associação dos números às letras. Dura apenas sete semanas, e o professor é virtual. Aparece apenas no vídeo reproduzido por aparelhos de TV.
A intenção do governo do Paraná é testar a tecnologia cubana em dez turmas de comunidades com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) ainda no segundo semestre deste ano. O Estado tem 649 mil analfabetos -ou 9,6% de sua população-, de acordo com o Censo de 2000.
O Ministério da Educação comprou a tecnologia do governo de Cuba e faz experiência piloto no Piauí (leia texto nesta página).
Venezuela
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) certificou a Venezuela como livre do analfabetismo após o governo de Hugo Chávez adotar o programa, chamado Yo, Sí Puedo, na população analfabeta residual, que era de 2%. Atualmente em aplicação, a segunda fase foi desenvolvida por educadores venezuelanos.
O Paraná é governado por Roberto Requião (PMDB), admirador declarado de Hugo Chávez.
Sistema híbrido
O projeto em discussão no Estado prevê a formação de turmas de aprendizado do método cubano e outras de modelo híbrido -misturado com o método do educador brasileiro Paulo Freire, aplicado há 40 anos no Brasil.
""Não vamos abandonar Paulo Freire. Não podemos deixar de conhecer uma forma que deu tão certo em Cuba e na Venezuela", disse o secretário da Educação do Paraná, Maurício Requião, irmão do governador.
O secretário afirma que o método Paulo Freire é imune ao risco do esquecimento por ser ""o mais estudado e reconhecido por muitos como melhor". Exige sete meses de prática do educando para ele ser alfabetizado.
O cotidiano das pessoas levado para o grupo é considerado a vantagem do método Paulo Freire.
A história de um deles vira texto na lousa. Do texto, foca-se uma palavra, e da palavra é extraída a letra. Essa letra dá vazão a outras palavras do dia-a-dia.
No método cubano, ao contrário, o aprendizado é assimilado por memorização, sem interferência do meio em que o estudante vive. Ele parte do conceito que, mesmo analfabeta, a pessoa aprendeu os números e sabe sua ordem por experiência de vida.
Na associação de números e letras, as cinco vogais do alfabeto têm preferência. Consoantes aparecem depois. De maneira que o 1 corresponde ao ""A", e o 5, ao ""U". O próximo passo é aparentemente mais complicado.
""O "B" não é o 6, mas a consoante do alfabeto de uso mais comum na língua do educando ou na região que vive", explica o coordenador do programa Paraná Alfabetizado, da Secretaria da Educação, Wagner Roberto do Amaral.
Assim é que o uso abundante do duplo ""L" no vocabulário de países de língua espanhola definiu essa letra como o número 6.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1105200610.htm
Folha de S.Paulo
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