Publicado pelo O Estado de S.Paulo 16/05/2006

País boicota negociação na OMC sobre liberalização de investimentos estrangeiros em universidades

(Jamil Chade)
O Brasil boicotou uma negociação para a abertura do mercado de educação. A pedido dos países ricos, a Organização Mundial do Comércio (OMC) iniciou conversações sobre a possibilidade de que os governos aceitem abrir suas economias e reformar suas legislações para permitir que universidades estrangeiras se instalem em seus países.

Contrária à proposta, a delegação brasileira em Genebra deixou a sala de negociações na OMC ontem, antes de as conversações começarem, para mostrar que não está de acordo nem mesmo com a inclusão do tema no debate comercial. A orientação para ignorar a negociação sobre o assunto veio de Brasília.

OS INTERESSADOS
A proposta de abertura do setor de educação foi feita por países como Austrália, Nova Zelândia, Estados Unidos e Cingapura, que querem exportar seus institutos de ensino.

A idéia não é a de pedir a abertura dos países para o ensino primário. Mesmo assim, a maioria dos países em desenvolvimento é contrária à idéia. O Brasil não foi o único a abandonar a reunião. Alguns, como a Argentina, ainda que sejam contrários à proposta, optaram por acompanhar o debate.

SOBERANIA
Na avaliação do governo brasileiro, a abertura de mercado nesse setor afetaria a soberania do País no setor de educação.

A antropóloga Iara Pietricovsky, do Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), concorda com a posição do governo. Segundo ela, a liberalização do setor da educação não teria impacto efetivo, mas limitaria o espaço para políticas de educação no setor universitário.

"Hoje, o nível de privatização no nível universitário já é grande e a adoção dessa abertura não afetaria muito o que já ocorre", afirma. "Mas o problema é que tiraria qualquer possibilidade de que, no futuro, o governo adote políticas públicas para limitar a entrada de instituições estrangeiras", explicou.

http://www.estado.com.br/editorias/2006/05/16/ger119956.xml?

O Estado de S.Paulo

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