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Novos dados sobre a origem da arte


Publicado pelo O Estado de S.Paulo 28/06/2006

(Fernando Reinach)
Em algum momento nossos ancestrais deixaram de ser macacos e se tornaram homens. Gostamos de relacionar essa transição ao momento em que apareceram hominídeos com esqueletos típicos do Homo sapiens.

Mas o correto seria identificar o momento em que nossos ancestrais começaram a demonstrar a sensibilidade e a criatividade que caracterizam o homem moderno. Como descobrir em fósseis, porém, quando tais sentimentos surgiram?

Utensílios e objetos decorativos são os únicos sinais que sobrevivem o suficiente para que os arqueólogos determinem quando nos humanizamos.

A polêmica causada por um estudo recente baseado em três conchas encontradas nas gavetas de museus em Londres e Paris mostra quão difícil é estudar a origem da arte na história do homem. Até há dois anos se acreditava que por volta de 40 mil anos atrás o homem teria iniciado sua produção cultural. Existem milhares de exemplos de objetos, pinturas e jóias criadas por nossos ancestrais nessa época.

Tudo mudou quando, em 2004, foram encontradas 41 conchas perfuradas na caverna de Blombos, na Cidade do Cabo, África do Sul. Como os furos pareciam ter sido feitos artificialmente e as conchas estavam todas juntas, os cientistas propuseram que elas deveriam ter constituído um colar.

O problema é que o sítio arqueológico em que essas conchas foram encontradas é de 75 mil anos atrás, o que demonstraria que o homem já era vaidoso 35 mil anos antes do que se imaginava. A interpretação foi muito criticada pelo fato de esse tipo de artefato não ter sido encontrado em outros locais da mesma época.

Foi então que os arqueólogos começaram a procurar conchas perfuradas semelhantes às encontradas na África do Sul. O interessante é que para fazer isso eles não precisam escavar novamente os sítios arqueológicos, basta procurar nas gavetas dos museus. Quando um sítio arqueológico é escavado, tudo que é encontrado fica registrado e guardado cuidadosamente nos museus que coordenaram as escavações. Nas gavetas do Museu de História Natural de Londres foram encontradas duas conchas que haviam sido coletadas nas escavações feitas em 1931 e 1932 em um abrigo no Monte Carmelo, distante 3 quilômetros de Haifa, em Israel.

As conchas foram enterradas juntamente com vários esqueletos humanos entre 100 mil e 135 mil anos atrás. Apesar de não ser possível determinar se os furos foram feitos pelo homem, o fato de a caverna estar a mais de 3 quilômetros do oceano indica que as conchas foram levadas ao local.

Enquanto isso, no Museu do Homem, em Paris, foram encontradas conchas com as mesmas características, provenientes de uma escavação em Oued Djebbana, na Argélia, local a 200 quilômetros do Mediterrâneo que também tem mais de 50 mil anos.

Os cientistas acreditam que esses novos achados corroboram as descobertas de Blombos e indicam que a prática de fazer colares de conchas foi popular durante mais de 30 mil anos em diversas comunidades da África e do Oriente Médio.

A descoberta põe por terra a crença européia de que o homem teria surgido na África, mas que a cultura teria surgido mais recentemente na Europa.

Mais informações em Middle paleolithic shell beads in Israel and Algeria, na Science, volume 312, página 1.785, de 2006.

http://www.estado.com.br/editorias/2006/06/28/ger-1.93.7.20060628.9.1.xml

O Estado de S.Paulo

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