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Língua de sinais na universidade


Publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo 17/07/2006

Quatro anos após ter sido reconhecida oficialmente e considerada disciplina obrigatória em cursos de formação para professores, a Língua Brasileira de Sinais (Libras) começa a conquistar, na prática, o espaço determinado por lei. Além de um curso superior bilíngüe, inédito no País, oferecido pelo Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), 500 vagas para graduação em Letras e Libras estão sendo ofertadas por instituições públicas de oito estados. As inscrições ao vestibular, marcado para 27 de agosto, foram abertas na segunda-feira.

Segundo o decreto que regulamenta a lei 10.436, de abril de 2002, a Libras deve ser incluída também no currículo das licenciaturas e dos cursos de Fonoaudiologia, Pedagogia e Educação Especial, sejam de instituições públicas ou privadas. O surdo pode estudar na escola regular ou em instituições especiais, mas, em ambas, é obrigatória a instrução em Libras. "Para que a lei seja cumprida, precisamos imediatamente formar profissionais para atingir os mais diferentes graus de ensino e também formar intérpretes", ressalta Ronice Milhomem, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), coordenadora dos cursos em Letras e Libras.

No Rio, o Magistério Bilíngüe em Português e Libras, iniciado há dois meses, vai formar 60 professores com habilitação para ensinar na Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

Diretora-geral do Ines, centro de referência do Ministério da Educação (MEC) na área de surdez, Stny Basílio Fernandes dos Santos observa que as duas iniciativas são essenciais para ampliar o restrito grupo de pessoas com deficiência auditiva que hoje estão na universidade. "São menos de mil", diz, dos quais 974 estão em faculdades privadas. "Embora as faculdades estejam abertas para receber as pessoas com deficiência auditiva, elas ainda não estão preparadas. Os professores falam enquanto escrevem na lousa. Isso impede a leitura labial."

No ensino básico e médio, a presença dos surdos também é pequena. Segundo o último Censo, 5,7 milhões de brasileiros são portadores de deficiência auditiva. Desse total, mais de 500 mil estão na faixa entre zero e 17 anos. Mas nem 70 mil (14%) estavam matriculados no ensino básico ou médio em 2005.

TURMA MISTA

Com aulas nos turnos da tarde e da noite, a graduação do Ines reúne tanto pessoas com deficiência auditiva quanto ouvintes, todos fluentes em Libras. Professora do curso, Edileuza Lobo conta que a turma é heterogênea, marcada por diferenças que vão além do grau de audição. Há, por exemplo, pessoas que deixaram de estudar há muito tempo, enquanto outras concluíram o ensino médio recentemente.

Por ser uma experiência inédita, a equipe ainda está descobrindo as vantagens e inadequações do material de apoio. "Já percebi que usar transparências e falar ao mesmo tempo atrapalha, pois os alunos não sabem se olham para a imagem ou para o intérprete, que traduz o que eu estou falando."

Surda em decorrência de uma meningite, Renata Cilino da Nóbrega, de 27 anos, quer mais conteúdo escrito na lousa, com tempo para anotar. "Estou gostando muito, mas preciso ter mais contato com o português. A estrutura das duas línguas é muito diferente, por isso é importante saber fazer a relação entre as duas", revela, por meio de gestos traduzidos pelo intérprete que acompanha toda a aula. Dizendo-se realizada por, finalmente, ter conseguido entrar para o ensino superior, conta que só conhece três deficientes auditivos que chegaram à universidade. "Fiquei feliz, pois é uma instituição federal", conta, referindo-se à qualidade e à gratuidade do ensino.

NOVE CURSOS PELO PAÍS

Assim como Renata, outras pessoas com deficiência auditiva poderão fazer um vestibular em breve. A UFSC vai receber, até o dia 7 de agosto, as inscrições para o curso de graduação em Letras e Libras, com aulas presenciais e à distância. O concurso é para pessoas com ensino médio concluído e fluência em Libras, com prioridade para quem já possui uma capacitação do MEC. "Queremos dar formação para os professores leigos, que já passaram por um curso

http://www.estado.com.br/editorias/2006/07/17/ger-1.93.7.20060717.3.1.xml

Jornal O Estado de S. Paulo

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