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Publicado pelo Aprendiz 08/08/2006 |
(Gilberto Dimenstein)
É um movimento raro no Brasil. Em Apucarana, norte do Paraná, com 116 mil habitantes, pais com maior poder aquisitivo estão tirando seus filhos de escolas privadas para matriculá-los na rede municipal de ensino - e não por questões financeiras.
Apucarana está no topo da lista das cidades com melhor avaliação, feita pelo Ministério da Educação. Suas escolas municipais oferecem aulas da manhã até o final da tarde, com direito a dois lanches e almoço; assistência médica; 33 tipos de atividades extracurriculares (como xadrez, origami e música); programas de estímulo ao empreendedorismo mesmo para as crianças da 1ª série.
Pelo menos um motivo deveria levar os candidatos a governador e a presidente a estudar essa experiência: o custo mensal do aluno é de R$ 180. É uma quantia que sugere a viabilidade de replicar, a médio e longo prazos, semelhante qualidade de ensino em todo país.
Só se chegou a esse valor porque se montou um quebra-cabeças unindo as mais diferentes esferas da prefeitura. Dividiu-se a cidade em regiões, cada qual gerida por um núcleo que agrega lideranças comunitárias e o poder público; cada núcleo se reúne numa escola.
Os responsáveis da prefeitura pelo turismo e pelo meio ambiente, por exemplo, foram chamados a envolver os alunos. O Sesi e o Senai instalaram classes de orientação profissional dentro das escolas em conexão com empresários locais. Como se concentra, na cidade, uma cadeia produtiva têxtil, os estudantes são convidados a customizar roupas.
As crianças vão ao "Clube da Sabedoria", um centro de convívio de idosos, onde desenvolvem atividades com a terceira idade. Se um pai de aluno estiver sem dinheiro, será convidado a trabalhar numa horta comunitária, o que lhe garantirá, além dos recursos federais do Bolsa-Família, uma cesta básica. Mães são encaminhadas a programas para gestantes; jovens, para um centro de prevenção à gravidez precoce.
Os estudantes aprendem sobre economia - e também sobre alimentação saudável - porque todos os produtos são comprados em vilas rurais, sem agrotóxico. Isso ajuda a manter os baixos índices de desemprego do local.
É um projeto ainda em consolidação. Muito falta para assegurar sua perenidade, formar gestores dentro e fora da escola, implementar um currículo melhor e elevar o nível dos professores. Não se passou pelo teste da mudança de governo. Mais grave, a rede municipal vai da 1ª à 4ª série. Depois, os alunos passam para escolas estaduais, que, por ora, têm apenas um turno. Corre-se, assim, o risco de perder o investimento.
Tais falhas e riscos só levam à conclusão de que o melhor que um presidente e um governador podem fazer para a melhoria do nível de ensino e das ações sociais é estimular esses de modelos de integração - é mais gestão e menos no dinheiro que está a diferença. Temos um exemplo de incompetência educacional com Macaé, no Rio, onde a renda per capita é de R$ 96 mil (a renda per capita de Apucarana é de 6,9 mil, e a do Brasil é R$ 9,7 mil), e sua educação, segundo os testes, é sofrível. Assim como temos o exemplo de Sertãozinho, no interior de São Paulo, primeiro lugar do ranking estadual, em que o custo de cada aluno sai por R$ 150 mensais, também beneficiado por um tipo de ensino integral.
Graças a uma articulação com empresários, consegue-se, com R$ 140 por aluno ao mês, ter uma escola de ensino médio integral em Pernambuco - já são 13 centros experimentais, nos quais a gestão será de uma entidade social, e não do governo, e os professores recebem bônus de produtividade. Em um bairro de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, redirecionaram-se verbas federais e estaduais, usaram-se espaços pouco utilizados da comunidade para transformá-los em sala de aula. Com mais R$ 12 mensais, um aluno pode ficar em alguma atividade, dentro ou fora da escola, até o fim da tarde.
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