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Além da aborrescência


Publicado pelo UOL 17/08/2006

Criada a primeira escala brasileira para medir o stress entre adolescentes

Giuliana Bergamo
Acaba de ser publicada a primeira escala brasileira de medição do stress em adolescentes. Elaborado pelas psicólogas Valquiria Tricoli e Marilda Lipp, da Pontifícia Universidade Católica de Campinas, em São Paulo, o teste é um instrumento importante para a detecção e o tratamento do transtorno em meninos e meninas entre 14 e 18 anos. Até então, essa avaliação era feita com base em escalas destinadas a adultos e crianças. "Esses métodos, no entanto, nunca contemplaram a realidade juvenil, o que induzia a erros de diagnóstico", diz a psicóloga Iracema Francisco Frade, pesquisadora da Universidade Federal de São Paulo. Sem tratamento, o stress pode se tornar crônico e deflagrar nos jovens doenças típicas de adultos, como hipertensão, diabetes tipo 2 e gastrite, entre outras.

De cada dez adolescentes, estima-se, três são vítimas do mal. É quase a média registrada entre os adultos – 50%. "A adolescência é a faixa etária que mais nos preocupa: o stress juvenil é nocivo não só para o próprio adolescente como para a sociedade", diz Marilda Lipp. "Adolescentes estressados estão mais sujeitos, por exemplo, ao uso de drogas e ao isolamento social." De longe, todo jovem nessa fase parece um estressado. Eles não estão satisfeitos com nada, reclamam de tudo e de todos, sentem-se incompreendidos e desconfortáveis com o corpo em transformação. Há, no entanto, diferenças cruciais entre um adolescente simplesmente "aborrescente" e um estressado. Um dos sintomas mais graves do stress juvenil é a insônia – um jovem nesse período é programado biologicamente para dormir muito, visto que é durante o sono que se intensifica a produção do hormônio do crescimento. Quando a dificuldade para dormir se manifesta, é sinal de que o problema já se instalou e comprometeu todo o funcionamento do organismo. Além da insônia, outras características do stress juvenil são desânimo, impaciência, dores de cabeça, falta de concentração, cansaço excessivo ou entusiasmo exagerado e repentino, sem motivo explícito. A pedido de VEJA, a psicóloga Valquiria Tricoli elaborou um teste que pode indicar a ocorrência do stress juvenil (veja quadro).

O paulistano Nyckolas Moquedace, de 15 anos, está em tratamento para controlar os efeitos do stress na sua vida. Uma vez por semana, ele vai ao consultório de um psicoterapeuta. Foi parar lá por exigir tanto de si próprio que seu corpo quase entrou em pane. No fim do ano passado, Nyckolas resolveu transferir-se para uma escola mais forte, a fim de evitar a necessidade de fazer um curso pré-vestibular. Daqui a três anos, ele quer cursar economia numa das faculdades mais concorridas da área. "Tenho horror só de pensar em perder um ano da minha vida no cursinho", diz. "Se isso acontecer, meus planos de fazer pós-graduação antes de casar e ter filhos serão atropelados." O excesso de tarefas e provas fez com que o garoto interrompesse parte de suas atividades esportivas e passasse menos tempo com a namorada. Todas essas mudanças deflagraram nele um quadro de stress. Nyckolas perde a concentração facilmente, sofre de insônia, tem dores de cabeça freqüentes e sente-se desmotivado para jogar futebol, um dos seus maiores prazeres.

O stress é uma resposta do organismo a situações novas, sejam elas boas ou ruins. Nessas ocasiões, há uma produção excessiva de dois hormônios – o cortisol e a adrenalina. Responsáveis por deixar o ser humano em estado de alerta, essas substâncias se tornam nocivas quando liberadas constantemente. Se isso ocorre, o organismo padece. "Quando a atitude diante de uma novidade não é proporcional, a produção de adrenalina e cortisol dura mais tempo e as conseqüências tendem a ser graves", diz a psicóloga Ana Maria Rossi, autora do livro Dá um Tempo – Identificar, Prevenir e Administrar o Estresse na Adolescência, lançado no início do ano. Atenção, portanto: se o seu "aborrescente" anda aborrecido e aborrecendo além da conta, talvez seja o caso de procurar ajuda.

http://veja.abril.uol.com.br/idade/exclusivo/160806/p_110.html

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