Publicado pelo Envolverde 31/08/2006

(Thais Leitão)
Pioneiro no país, o Hospital das Clínicas de São Paulo oferecerá a partir de quinta-feira (31) atendimento na Língua Brasileira de Sinais (Libras) aos pacientes com deficiência auditiva.

Para isso, receberam a capacitação, além de profissionais da saúde, como médicos, enfermeiros, fonoaudiólogos, funcionários de outras áreas, como seguranças, porteiros e ascensoristas. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há quase 6 milhões de pessoas com deficiência auditiva em todo o Brasil.

O diretor executivo do Hospital, Waldemir Rezende, explicou que a iniciativa partiu de sugestões tanto de funcionários quanto de pacientes que relataram dificuldades de comunicação. "Uma das sugestões que recebemos veio de uma ascensorista que ficou muito incomodada por não ter conseguido atender um paciente surdo que pediu sua ajuda. Quando você tem a oportunidade de capacitar o funcionário, ele valoriza sua atividade e acaba despertando esse interesse em outros profissionais", afirmou.

Lílian de Alencar é mãe de Felipe, que é surdo, e conta que além do atendimento hospitalar diversas outras atividades tornam-se mais difíceis por falta de possibilidade de comunicação. "Eu sempre tenho que acompanhar o Felipe, seja para entrevistas de emprego ou para consultas médicas, ou ainda para as aulas da auto-escola. Ele precisa ter um intérprete", lamenta.

O diretor geral substituto do Instituto Nacional de Educação de Surdos (Ines), Marcelo Cavalcanti, defende que iniciativas como a do Hospital das Clínicas sejam ampliadas para todos os órgãos de serviço público, como delegacias de polícia, corpo de bombeiros, postos da Previdência entre outros.

A gerente de projetos da organização não-governamental Escola de Gente, Comunicação em Inclusão, Patrícia Moreira, destaca, no entanto, que essas iniciativas não geram apenas benefícios aos surdos, mas representam o respeito aos direitos de boa parcela da população brasileira. "A Libras é reconhecida no Brasil por lei e tem o mesmo valor do Português. Não é uma questão de favor, mas uma garantia de direitos, que está de acordo com as nossas normas", disse.

A Língua Brasileira de Sinais foi reconhecida oficialmente em 2002, pela Lei nº 10.426 e regulamentada pelo Decreto nº 5626 de 2005, como meio de comunicação e expressão.

http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=22007&edt=34

Envolverde/Agência Brasil

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