Publicado pelo UOL 22/09/2006

Projeto inovador na cidade de São Paulo abre caminho para o acesso à leitura para cegos e deficientes visuais do acervo de obras das Bibliotecas

(Adriana Perri)
Na semana em que se comemora o Dia de Luta da Pessoa com Deficiência (dia 21 de setembro) os cegos e deficientes visuais ganharam um belo presente. Desde a última terça-feira (12/09) quando o projeto Ler pra Crer foi lançado oficialmente pela Prefeitura da Cidade de São Paulo e pelo Instituto Vivo, sete bibliotecas municipais e dez CEUs oferecem o serviço de impressão em braile ou gravação em áudio-livro para qualquer obra de seu acervo literário.

A implantação desse projeto trará soluções para pessoas como o massoterapeuta Naziberto Lopes, 41 anos. Cursando o último semestre da faculdade da Psicologia, Lopes sofreu muito com as dificuldades de acesso aos livros para poder estudar. Chegou a entrar com uma ação contra a Editora Atlas que lhe negou acesso à versão digital de alguns livros que constavam da relação para o nono semestre do curso. "O semestre terminou agora no mês em junho e não consegui os livros que pretendia. Por isso entrei com a ação já que busquei negociar com a editora logo no início do semestre, quando recebi a relação de livros. E não queria os livros gratuitamente. Queria apenas em um formato acessível para mim." Saiba mais sobre a ação.

A partir do Ler pra Crer, qualquer pessoa poderá solicitar a impressão em braile ou gravação em áudio-livro. Basta que o munícipe vá até as bibliotecas e CEUs cadastrados (veja lista abaixo) e no prazo máximo de 30 dias, poderá retirar os livros na Biblioteca ou CEU onde fez o pedido ou então optar por recebê-lo via correio. Antes, é preciso estar cadastrado nas Bibliotecas como todos os cidadãos e respeitar os prazos de devolução das obras. "É uma iniciativa muito interessante", diz Lopes. "Com isso, nós, os cegos, podemos ter acesso ao conhecimento, à cultura e informação como qualquer outra pessoa, sem depender das entidades. Não que elas não possam ajudar. Mas queremos ter acesso ao que é de uso comum, como todos os cidadãos."

Para a secretária Especial da Pessoa com Deficiência e Mobilidade Reduzida, Mara Gabrilli, é fundamental trabalhar com a inclusão em todos os setores, especialmente quanto ao acesso à educação. "É muito difícil incluir sem dar condições para a leitura. Com este projeto queremos instrumentalizar alunos e professores. Oferecer aos deficientes visuais um contato maior com a cultura", afirma. Além disso a secretária busca mensurar a rela demanda por esse tipo de serviço. "Ainda não sabemos quantos são os que precisam do braile e os que utilizam o áudio-livro."


Inscrição do leitor
Para o leitor se tornar sócio da Biblioteca, é necessário apresentar um documento com foto, como RG, carteira profissional, carteira de motorista, etc., e um comprovante recente de endereço: conta de luz, gás, telefone ou correspondência pessoal.

Para a inscrição não há limite de idade ou de escolaridade. No caso de menores de 16 anos, a inscrição deve ser feita pelos pais ou responsáveis. Na impossibilidade de comparecimento dos mesmos, o menor deve trazer a ficha de inscrição devidamente assinada e apresentar o RG do responsável.

O "cartão do leitor" deverá ser apresentado para retirada de livros. Este cartão é de uso do titular ou de seu responsável. Para mais informações, quantidade de material a ser retirado, prazos de empréstimo, reservas de material, etc. consulte as bibliotecas localmente.

Horário para inscrição do leitor: 2ª a 6ª feira das 8h30 às 16h30; sábado das 9h30 às 15h30.

Ler pra Crer
Bibliotecas cadastradas:
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Revista Sentidos

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