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Publicado pelo Jornal da Tarde 26/09/2006 |
Escolas revolucionam o ensino da matéria para torná-la mais acessível e menos tortuosa
Não são poucos os alunos que detestam matemática. Números e fórmulas são verdadeiros pesadelos para estes estudantes, que dificilmente se 'curam' da aversão à matéria, odiando fazer contas pelo resto da vida.
Segundo educadores, a culpa por tal aversão não é da matemática, mas da maneira tradicional de se ensiná-la - a famosa decoreba. Pensando em tornar os números cada vez mais 'digeríveis' - e cada vez menos tortuosos - para os estudantes, escolas começam a revolucionar as aulas de soma, subtração, multiplicação e divisão, desde o ensino infantil até o médio.
No Colégio Santo Américo, a professora Priscila Montenegro, do ensino fundamental, desenvolveu um novo método de memorização da tabuada com as turmas da 2ª série. 'Passamos a aplicar uma chamada oral diferente, na qual as crianças anotam em sua agenda, toda segunda-feira, cinco multiplicações. No decorrer da semana, penduramos no pescoço plaquinhas plastificadas com tais multiplicações e seus respectivos resultados. A idéia é que, de tanto olharem para aquele fato fundamental, acabam decorando', conta Priscila.
Os alunos gostaram tanto da idéia que começaram a disputar quem sabe de cor o resultado do dia anterior e até quem se lembra de todas as plaquinhas que a professora usou na semana.
Junto à experiência com as placas, foram trabalhados jogos com números em sala. 'Teve um dia que propusemos a cada aluno criar dez multiplicações usando apenas números de 3 a 10, para que o colega resolvesse. A atividade acabou se transformando em um caderno de tabuadas. No início, a turma levava, em média, de 2 a 3 minutos para preencher os resultados. Hoje, o tempo baixou para, no máximo, 35 segundos', comemora a professora.
Na Escola Lourenço Castanho, as aulas de matemática ganharam roupagem nova desde o maternal. 'As crianças trabalham com o corpo, construindo a imagem do que é o círculo, via brincadeira. Além disso, as formas matemáticas também aparecem em dicas de cozinha, com proporção de elementos', conta Alice Proença, diretora do Maternal. Já no ensino infantil, as crianças levam às aulas fotos, roupas e outros utensílios, comparando o tamanho atual delas (altura, mão, pé...) com o de quando eram ainda menores. Os alunos também levam saquinhos de macarrão, arroz, açúcar, feijão e comparam o peso dos alimentos com o próprio.
No ensino fundamental, as crianças da 1ª série já trabalham com dinheiro, fazendo supermercado. Os próprios estudantes realizam a venda, classificam o produto, trazem o troco, promovem liquidações... Tudo isso para trabalhar o sistema de numeração. No ensino médio, a disciplina de economia é tão importante quanto as demais. No 1º ano, os alunos abrem empresas fictícias e precisam gerenciá-las durante todo o ano. Neste processo, pesquisam preços de aluguéis de escritórios, preços para a compra de terrenos, de abertura de empresas e de salários de funcionários.
A matemática financeira também é trabalhada de maneira prática no Colégio Santa Maria. Os estudos da disciplina se iniciam com discussões sobre livre comércio, lucro e prejuízo. A partir disso, evoluem para assuntos como porcentagem, juros, tributos, regras de sociedade, inflação, balança comercial, déficit, superávit, câmbio, commodities e bolsa de valores.
Durante todo o ano, estudantes de diferentes séries abordam esses temas, buscando estabelecer relações entre o que é aprendido na escola e o cotidiano. Na educação infantil, por exemplo, as professoras estão trabalhando vendas e reciclagem com matemática, já com o foco voltado para o futuro ensino da matemática financeira. As crianças trazem de casa materiais recicláveis e montam um minimercado dentro da sala de aula.
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Jornal da Tarde
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