Direitos humanos: parte da prática escolar |
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Publicado pelo Aprendiz 04/10/2006 |
(Alan Meguerditchian)
"Como trabalhar com o tema direitos humanos, se o aluno sabe que pode morrer amanhã por causa do tráfico?". O dilema de uma professora da rede pública de ensino da cidade de São Paulo, exposto no documentário Escola Pública, do diretor Edu Abad, expõe a dificuldade de abordar o tema nas turmas das escolas públicas brasileiras.
O documentário é um dos resultados do programa de formação de professores da Universidade de São Paulo (USP) que, por meio de cursos, lecionados desde 2001, procura ajudar os docentes da rede pública de ensino a discutir temas como democracia e direitos humanos com seus alunos e aplicá-los dentro dos conteúdos.
Segundo um dos coordenadores do projeto e professor da USP, José Carvalho, pouco adianta levar um professor de cada escola para o curso. "O educador aproveita muito as aulas, só que depois volta para um meio no qual ele ficará isolado. É preciso criar uma cultura institucional sobre o tema", disse. Dessa forma, em todas as etapas do curso, já realizadas nas regiões paulistas de São Miguel Paulista, Butantã, Suzano e Embu, foram chamados cerca de 10 professores e um coordenador de cada instituição.
Depois de fazer com que os educadores trabalhassem em conjunto, a preocupação do curso era com a formação intelectual do educador e não com o ensinamento de técnicas. "O aluno reage ao que o professor é, não apenas ao que ele faz. Assim, não adianta ensinar uma técnica que funciona na turma A e não na turma B", explicou Carvalho.
O problema foi fazer com que os professores compartilhassem da mesma idéia. "Ouvi diversas vezes que o curso era muito teórico, que não era possível aplicar na prática. Teoria não é uma injeção para ser aplicada e sim para ajudar a compreender as dificuldades da prática", disse.
Segundo Carvalho, quando os professores deixavam de se preocupar em aprender maneiras de tratar de direito humanos com os alunos e passavam a refletir sobre como as idéias discutidas faziam parte do dia-a-dia, as atividades saiam naturalmente. "O professor de educação física passou a ajudar na formação de valores dos seus alunos durante uma atividade esportiva. A professora de literatura passou a identificar e explicar para os estudantes atitudes solidárias e egocêntricas presentes nas obras".
Mesmo com o avanço, Carvalho ainda observa barreiras a serem ultrapassadas. "Muitos dos professores começaram a tratar de igualdade, liberdade e outros direitos humanos, mas não como prática cotidiana e sim como atividade especial. A preocupação de formar valores públicos não deve ser desencarnada da prática escolar", concluiu.
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