Geração pós-internet acelera mudanças tecnológicas |
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Publicado pelo Estadão 06/11/2006 |
Serviços tradicionais, como telefone fixo e televisão, perdem importância para quem cresceu na virada do século
(Renato Cruz)
Para Tayná Fregoneze, de 10 anos, a internet sempre existiu. Ela nasceu em 1995, ano de estréia do acesso comercial no Brasil e um ano depois de a Netscape ter lançado seu navegador, software responsável pela popularização da World Wide Web. “Uso a internet antes de ir para a escola e depois que eu chego”, conta Tayná.
“Eu faço pesquisas, ouço músicas, converso e jogo pelo MSN.” Normalmente, ela se dedica a mais de uma atividade dessas ao mesmo tempo. Tayná fica conectada de duas a três horas por dia, quando tem aula. Assim como a maioria dos colegas de sua sala, tem página no Orkut. E passa mais tempo em frente ao computador que à televisão. “Assisto meia hora, ou uma hora por dia, antes de dormir.” Bem abaixo da média nacional, de quatro horas e cinqüenta e oito minutos por dia, segundo o Ibope.
Alguns usam o ano de 1982 como o primeiro dessa nova geração. Outros começam a contar a partir de 1985. Nos Estados Unidos, são chamados de geração M, de “multitarefa” ou de “mileniais”. A mudança de comportamento trazida por esses jovens, quando comparados à geração anterior, tem impactos profundos no mercado de tecnologia.
“É a primeira geração que cresceu com internet e celular”, diz o diretor de Tecnologia e Marketing de Produtos da Lucent - fabricante de equipamentos de telecomunicações -, Esteban Lazaro Diazgranados. No Brasil, 36,9% da população tem até 19 anos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Se a faixa de corte for de 24 anos, a fatia passa a 46,2%.
Um dos serviços que sofrem impacto do comportamento dessa geração é a telefonia fixa. Esses jovens acostumaram-se ao celular e às conversas via internet. Vêem o telefone fixo como um serviço disponível em casa, pago pelos pais. “O telefone fixo como é hoje está com os dias contados”, afirma Diazgranados. “Mesmo a voz sobre protocolo de internet nem nasceu direito e já está virando commodity. Para essas pessoas é natural usar o serviço sem precisar pagar por ele.”
O número de telefones fixos no Brasil estacionou em 39 milhões desde 2002. Os celulares, por outro lado, aumentaram 11,2% do fim de 2005 até setembro deste ano, quando chegaram a 95,9 milhões. “Mesmo no celular, eles preferem as mensagens de texto ao serviço de voz”, explica o diretor da Lucent.
No Brasil, a comunicação de dados, que inclui os torpedos, responde por 5% a 10% do faturamento das operadoras de celulares. Tayná tem celular, que usa principalmente para tirar fotos. “Também uso bastante para mensagens e como despertador”, conta a menina, que chega a enviar três torpedos por dia. Ela não costuma fazer ligações. Quando fala ao celular, normalmente é porque um de seus pais liga para ela.
Tanto Tayná quanto o irmão Murilo, de 7 anos, sentem mais falta da internet do que da TV, quando os serviços saem do ar. “Eu converso no MSN, tenho página no Orkut e jogo”, diz Murilo, sobre suas atividades na rede. Mesmo assim, ele diz que gosta bastante de TV.
“A TV tradicional também vai desaparecer”, acredita Diazgranados. “Os mileniais não têm paciência para ficar muito tempo na frente da televisão. Eles preferem o computador, em que, além de assistirem a vídeos, podem fazer outras coisas ao mesmo tempo.” Um exemplo disso é o sucesso do YouTube, comprado pelo Google por US$ 1,65 bilhão no mês passado. Todos os dias, internautas de todo o mundo mandam 65 mil vídeos para o site e assistem a 100 milhões.
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