Educação Infantil na pauta política e social |
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Publicado pelo Envolverde 14/11/2006 |
(Rodrigo Zavala)
Seminário, premiação e relatório realizados na última semana comprovaram os benefícios econômicos e sociais ao se investir na primeira infância. Especialistas, pesquisadores e a sociedade civil organizada querem agora, um movimento nacional para tornar o tema prioridade.
O primeiro passo foi dado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), ao divulgar o relatório de acompanhamento do programa Educação Para Todos. Nele, a organização mostra que educação infantil na América Latina e no Caribe é a melhor dos países em vias de desenvolvimento.
No entanto, o mesmo documento aponta que a situação dos menores de três anos continua sendo a de “primo pobre” dos sistemas educativos em muitas regiões do planeta. “Um grave erro. O desenvolvimento físico, mental e emocional nos primeiros anos de vida terá um impacto para toda a vida. Os países têm a responsabilidade de investir em sua população. Não é gasto, nem filantropia. É compromisso social e econômico”, argumenta o representante adjunto do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Manuel Rojas Buvinich.
Buvinich foi um dos convidados do Seminário América Latina e Caribe: A Primeira Infância vem Primeiro, evento internacional promovido pela Fundação Abrinq, Unicef e Organização Pan-Americana da Saúde (Opas). Nele, especialistas e pesquisadores de nove países refletiram sobre a primeira infância nos seus múltiplos enlaces, identidades e conexões, além de lançarem as bases para um trabalho integrado na América Latina em prol da infância.
Para o professor Vital Didonet, especialista em educação infantil e também um dos destaques do evento, atualmente tanto as Neurociências como a Psicanálise explicam que até os três anos todas as experiências da criança são cruciais. Trata-se de um período tão relevante que, ao atingir essa idade, 80% das conexões cerebrais estarão formadas.
"Se a criança tiver boas experiências, terá melhores condições de se tornar um adulto seguro, mas se for castigada, se apanhar ou se for humilhada, corre sérios riscos de se tornar um adulto com baixa auto-estima", exemplificou.
E nessa questão o Brasil está bem abaixo da média andina. Embora o estudo da Unesco não tenha chegado a esse nível de detalhamento, a diretora do instituto americano The Rise, Emily Vargas-Barón, foi enfática ao criticar a postura brasileira. São três pontos fundamentais que explicam porque o país está mal: por não ter declarado o tema como prioridade para o país, não aprovar um plano nacional oficial e não criar políticas de atendimento integral para crianças de 0 a 6 anos.
Ela atenta para o fato de que durante cinco décadas o desenvolvimento infantil foi o setor menos considerado no planejamento econômico. Hoje, começa a ser encarado como algo imprescindível. “A infância passa por todos os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio da ONU. Basta pensar no impacto que traz o fato de que 200 milhões de crianças com menos de cinco anos não alcançaram seu potencial”, lembro.
Retorno – Os motivos para o envolvimento do primeiro, segundo e terceiro setores, como exigem os especialistas convidados ao seminário, não faltam. A alegação mais freqüente dada por quem pensa a educação infantil é o retorno financeiro mensurável. Segundo o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), a cada dólar investido em políticas públicas em primeira infância, são economizados sete dólares no futuro.
No entanto, isso deve ser visto de forma diferenciada, segundo o representante da Organização Pan-Americana de Saúde, Horacio Ocampo. “A vida da criança não pode ser vista como um ciclo, mas um contínuo, que começa no pré-natal”, afirma.
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