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Desmate prejudica até as florestas que sobram


Publicado pelo Folha Online 28/11/2006

(Marcelo Leite)
O periódico da Academia de Ciências dos EUA ("PNAS") publica hoje um novo filhote do maior experimento sobre fragmentação de florestas tropicais no mundo, realizado na Amazônia, mas seu advento não traz boas novas.

O artigo, assinado por William Laurance e dez colegas, afirma que o desmatamento reduz a biomassa até da floresta que resiste em pé.

O experimento, o Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais (BDFFP, na sigla em inglês), é conduzido há 22 anos perto de Manaus. São 40 parcelas arranjadas em nove fragmentos florestais com superfícies de 1 a 100 hectares. Até agora, cerca de 32 mil árvores foram identificadas e medidas antes e depois do desmate, a intervalos de 4 a 6 anos.

A idéia visionária partiu de Thomas Lovejoy, hoje presidente do Centro Heinz para Ciência, Economia e Ambiente (EUA). Lovejoy, que figura entre os co-autores do artigo, foi um dos motores da iniciativa de convencer proprietários de terras que seriam desmatadas a fazê-lo mantendo algumas áreas de formato pré-definido.

A idéia era entender o que acontece com uma floresta de alta biodiversidade com mais de 250 espécies de árvore por hectare quando ela é picotada. Do BDFFP e outros projetos já era sabido, por exemplo, que ocorre o chamado "efeito de borda": árvores junto à área desmatada ficam expostas ao vento e temperaturas maiores, e muitas morrem. Mas quais?

As 32 mil árvores monitoradas pertenciam a 1.162 espécies. Seu acompanhamento revelou que a biodiversidade não decaiu ao longo das duas décadas; o total de espécies foi mantido. Variaram, porém, as populações: árvores oportunistas como a embaúba-gigante (Cecropia sciadophylla) viram seu número crescer até 3.000%.

A característica mais geral da mudança na composição da comunidade de árvores foi o prejuízo para aquelas de crescimento lento, especializadas em sobreviver sob pouca luz. As favorecidas são as de crescimento mais rápido, amantes da abundância de luz --e produtoras de madeiras mais leves.

"A densidade da madeira (...) está forte e negativamente relacionada às respostas de gêneros de árvores para a fragmentação", escrevem Laurance e seus colegas, "sugerindo que as mudanças de composição estão a reduzir a estocagem de carbono em florestas fragmentadas".

Carbono que não permanece aprisionado na biomassa em geral termina na atmosfera, na forma de gases do efeito estufa. Segundo Paulo Barreto, do Imazon (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia), foi a preocupação com o clima que reacendeu o interesse em projetos de inventário florestal como o BDFFP, "que andavam meio fora de moda".

Dados como taxa de crescimento e mortalidade de árvores, assim como estoque original de biomassa da mata, tornam-se importantes para entender a interação da floresta com a atmosfera, diz Barreto. Ele cita o exemplo do Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia, que gerou dados sobre a dinâmica dos gases, revalorizando estudos como o BDFFP.

Por fim, os autores destacam a rapidez da mudança de composição florística, ocorrida em apenas duas décadas. Com árvores que podem viver centenas ou até um milhar de anos, na Amazônia isso pode ser considerado muito rápido.

http://www1.folha.uol.com.br/folha/ciencia/ult306u15583.shtml

Folha de S.Paulo

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