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Altruísmo ativa região de prazer do cérebro


Publicado pelo site O Estado de São Paulo 03/01/2007

Pesquisa mostra que boas ações atuam no sistema de recompensa e traz nova explicação evolutiva para comportamento altruísta

Giovana Girardi

As religiões pregam que amor com amor se paga e que as pessoas façam o bem sem olhar a quem. No entanto, não são poucos os que seguem a lição à risca sem nem necessariamente serem religiosas - casos como o do analista Adriano Levandoski de Miranda, que em dezembro pulou no Rio Pinheiros para salvar uma criança que tinha caído no rio junto com sua mãe. Mas o que incentiva o ser humano ao altruísmo é uma questão que há tempos mobiliza a ciência.

Uma tese controversa, que completou 30 anos agora em 2006, é de que somos guiados por “genes egoístas” que só estão preocupados em serem passados para a frente. Um estudo liderado pelo neurocientista brasileiro Jorge Moll Neto, pesquisador dos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos, traz agora uma nova explicação. Ao fazermos uma boa ação, segundo ele, acionamos no cérebro o sistema de recompensa. O mesmo que se acende em situações de prazer, como comer chocolate, fazer sexo, ganhar dinheiro ou consumir drogas.

A pesquisa, publicada na revista PNAS, foi feita com 19 voluntários submetidos à ressonância magnética funcional enquanto tinham de decidir o que fazer com os US$ 128 que haviam acabado de receber: se guardavam para si ou doavam para alguma instituição filantrópica. Em média, os participantes toparam dar metade do que tinham recebido - as doações variaram entre US$ 21 e US$ 80.

A ressonância mostrou que a simples doação ativava tanto o sistema de recompensa como uma outra parte do cérebro conhecida como córtex subgenual, relacionado às ligações de longo prazo entre as pessoas. Quem mantinha o dinheiro para si ativava apenas a primeira área. Moll explicou ao Estado,por telefone, os impactos da descoberta.

Muito já se falou que por trás de boas ações há sempre um interesse particular. Seu estudo mostra o contrário. Quer dizer então que doamos porque faz bem?

(Risos) Bom, não exatamente. Falar assim fica parecendo hedonismo. A filosofia interpreta que devemos fazer o que é certo independentemente do benefício que possamos ter em troca. A biologia, no sentido mais estrito, diz que isso não faz sentido, porque somos moldados para a sobrevivência da espécie. Nos últimos anos a ciência resolveu alguns paradoxos principalmente em relação a animais sociais. Se viu que nestes casos normalmente a cooperação é proporcional ao parentesco genético. Mas há pessoas que se sacrificam por ideais e por pessoas que lhe são estranhas. Nosso estudo sugere uma explicação neural. Quando fazemos uma doação, nosso sistema de recompensa (mesolímbico dopaminérgico) é ativado, assim como o córtex subgenual, região envolvida com o apego social, com a formação de laços afetivos de longo prazo, como o que ocorre entre mãe e filho, entre casais e entre amigos.

Mas se a área é ligada aos relacionamentos, como explicar as boas ações em relação aos estranhos?

Aí vem uma possível explicação evolutiva que aventamos com este trabalho. Se pensarmos nas primeiras sociedades tribais, em que as pessoas começavam a respeitar rituais, princípios religiosos, fenômenos culturais, etc., e que tinham de se voluntariar para fazer alguma coisa - construir um monumento, por exemplo -, podemos deduzir que o sistema de apego foi remodelado de modo a nos envolvermos com causas abstratas. Acredito que isso foi fundamental para a estabilização da espécie humana. Do ponto de vista energético, participar de algo assim podia ser custoso, às vezes não levava a nenhum benefício imediato para a pessoa, mas provavelmente servia para o benefício geral do grupo e para a coesão social.

Uma vez que é prazeroso e é interessante em termos evolutivos fazermos o bem, por que as boas ações não são a regra?

Descobrimos que temos em nossa biologia uma predisposição a valorizarmos a doação. Mas é claro que existem diferenças entre as pessoas que só podem ser explicadas pela variabilidade genética: uns são mais capazes de sentir empatia que outros. Em um extremo temos

http://www.estado.com.br/editorias/2007/01/03/ger-1.93.7.20070103.8.1.xml

O Estado de São Paulo

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